Linha chilena e cerol estão na mira das autoridades | O TEMPO Betim
 
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Linha chilena e cerol estão na mira das autoridades

Prefeitura iniciou campanha de conscientização quanto aos perigos do uso desses materiais na quinta-feira (18); ações educativas e repressivas vão até o fim de agosto

Publicado em 18 de julho de 2019 | 21:15

 
 
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Julho chegou e, além da ventania típica da época do ano, as férias escolares fazem com que o céu fique colorido com pipas  voando por todos os cantos. No entanto, a brincadeira que perdura por gerações pode tomar rumos dramáticos quando acontecem acidentes.

Só em 2018, a Guarda Municipal registrou 11 ocorrências envolvendo o uso de cerol e linha chilena na cidade. Mas esses números são subdimensionados, pois nem sempre a utilização desse tipo de material é denunciada.

Por isso, no intuito de conscientizar a população quanto à prática perigosa, que pode causar até mortes, começou, nesta semana, a campanha da Prefeitura de Betim contra o uso desses materiais. 

A primeira blitz aconteceu na avenida Juiz Marco Túlio Isaac, próximo ao shopping Monte Carmo, na altura do bairro Alterosas. Uma nova ação educativa e repressiva também está marcada para essa sexta-feira (19), às 9h30, e outras devem continuar até o fim de agosto.

Em seguida, as guardas da região metropolitana devem se reunir em Sabará para apresentar dados com os materiais recolhidos, que serão incinerados juntos.

Um dos principais alvos dessa ação são os motociclistas, que muitas vezes se acidentam ao serem surpreendidos por esse tipo de material quando estão trafegando em via pública. Por isso, além de panfletos informativos, durante as abordagens estão sendo distribuídas antenas corta-pipa. Pelo terceiro ano consecutivo, a ação tem o apoio da By Motos, que é responsável pela instalação gratuita desses equipamentos nas motocicletas. 

Fazer o uso de cerol ou outras linhas cortantes produzidas por qualquer tipo de produto em espaços públicos e privados de Betim é crime previsto em lei municipal nº 6.252, de 2017. A multa, em caso de flagrante, é de R$ 2.000 e pode chegar ao dobro em caso de reincidência. 

De acordo com o comandante da Guarda Municipal de Betim, Anderson Reis, é preciso que as pessoas entendam o perigo que geram ao usar o cerol, colocando em risco a vida de outras pessoas, além de trazer prejuízos, como desligamento das redes elétricas e corte de cabos de fibra ótica. “E os pais podem ser responsabilizados caso menores sejam flagrados usando esse tipo de produto”.

Apesar de temer que a polícia ou a Guarda Municipal o flagre soltando pipa com cerol, João Lucas*,  continua fazendo a mistura para passar na linha. “Sem cerol, não tem graça. Os outros meninos cortam a linha da gente. Conheço muita gente que usa essas linhas cortantes, principalmente nessas épocas. Tenho medo de me pegarem, mas só me divirto se tiver cerol”, disse. 
*Nome fictício

Se fere na própria linha

No dia 29 de junho, o filho mais novo da cuidadora Vicentina Maria sofreu um acidente enquanto brincava na rua e cortou a mão na própria linha chilena. O menino de 11 anos ficou internado três dias e precisou passar por uma cirurgia para reconstituir o nervo e dois tendões atingidos. “Converso muito, falo dos riscos, mas é complicado, porque as crianças têm fácil acesso a esses materiais – seja através dos amigos mais velhos ou mesmo de restos de vidro que caem na rua”, pontuou Vicentina.

Como denunciar
O comandante da Guarda Municipal, Anderson Reis, ressaltou que para que a Lei Municipal nº 6.252, de 2017, que proíbe a utilização de linhas cortantes – produzidas por qualquer tipo de produto – em Betim, seja cumprida é importante que a população denuncie. “Caso perceba ou suspeite que algum local esteja comercializando ou um indivíduo esteja utilizando o material, é possível fazer uma denúncia anônima através dos números 153 ou 3512-3030. A partir disso, será feita uma abordagem pela Guarda Municipal, que analisará a linha e, caso seja confirmada a presença do cerol, uma ocorrência será registrada. Caso a situação envolva um menor de idade, os pais podem responder”.