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‘Vamos continuar com os projetos sociais de Pinduca’, afirma família

Filhos do político falam sobre a Covid, a morte dele e como darão continuidade ao trabalho do pai

Publicado em 15 de abril de 2021 | 23:11

 
 
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“Nunca acreditava que ele ia morrer”. Foi assim que a filha de Pinduca, Luciene Ferreira, a Ciene, e o irmão, Ivo Leandro Ferreira Caminhas, descreveram a morte do pai, o ex-vereador, o ex-deputado estadual e ex-vice-prefeito Pedro Ivo Caminhas, o Pinduca, que perdeu a luta para a Covid-19 no domingo (11), após ficar mais de 15 dias internado no Hospital Unimed, em Betim. Em entrevista, os dois falaram sobre a perda e a importância de continuar com os projetos sociais, que foram a marca do político.
 
Ciene e Leandro, quando e como foi que o Pinduca descobriu que estava com a Covid-19? 

Leandro:
No dia 17 (de março), a minha mãe, Sônia Maria, começou a sentir febre. E, no dia 19, saiu o resultado positivo para a Covid meu, do meu irmão, Ivo Luciano, da minha mãe e do meu pai. Ele estava tratando em casa, mas a Covid é uma doença imprevisível, e, no dia 24, ele (Pinduca) sentiu falta de ar e aí foi para o hospital da Unimed. Mas no, sábado de madrugada, ele piorou e precisou ser intubado e foi para o CTI. Depois com o passar dos dias, ele chegou a ter uma melhora, estava dependendo menos da oxigenação, mas na quinta (1º), apresentou febre e teve que entrar com antibiótico. Aí no sábado, ele teve uma parada cardiorrespiratória e outra no domingo e não resistiu. 

O Pinduca tinha alguma comorbidade?
Leandro: Ele era hipertenso, além da obesidade. Mas meu pai quase não ficava doente, ele nunca reclamou de uma dor. Só vi ele chorando uma vez, quando ele teve apendicite. Meu pai usava máscara, álcool, mas andava muito. Ele fez 200 mil máscaras no ano passado e distribuía nos hospitais, nos pontos de ônibus, nas unidade. Então, ele não fazia isolamento. Meu pai era um homem do povo, que não parava quieto. 

Como foi o tratamento no hospital?
O tratamento foi excelente, só temos a agradecer à equipe do hospital e à oração de todos. 

O marco da carreira política de Pinduca foram os projetos sociais. Vocês vão dar continuidade a esses projetos?
Leandro: Queremos continuar sim. O trabalho social era a vida dele, e não podemos parar. Hoje temos os cursos de capacitação, os serviços de fisioterapia e ginástica laboral. Em 2020, atendemos quase 5.000 pessoas. Hoje os cursos estão suspensos, mas a fisioterapia continua, porque é essencial. Inclusive o pós-Covid deixa várias sequelas e também queremos atender esse público. A vida do nosso pai sempre foi o trabalho social, que ele começou (na década de 1980) distribuindo verdura e com o curso de datilografia. Uma coisa que prejudicou muito ele foi o processo que sofreu injustamente por transportar as pessoas de ambulância. Ele chegou a ter 50 na época. Diante desse cenário, Pinduca teve que assinar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta - em 2011) abrindo mão desse transporte, que ajudava tanta gente. Ele não ficou inelegível por causa disso, mas isso o prejudicou. Ele teve que cortar esse projeto e investir nos cursos e na clínica de fisioterapia. E esse trabalho agora vamos continuar. 

Para vocês, esse trabalho social é o grande legado dele? Vocês pretendem ampliar os projetos?
Ciene: Sim. Continuar com esse trabalho é a certeza de que o esforço dele não foi em vão. Nós somos egoístas, queríamos ele aqui com a gente, mas temos que continuar. É muito difícil. Também vamos criar um memorial para mostrar a história, a trajetória dele. 

Ciene, você já foi vereadora e seu irmão Leonardo também. Você pretende continuar na política? 
Isso está na mão de Deus. Agora estou focada em dar continuidade ao projeto social do meu pai e, se Deus me der uma nova oportunidade, posso me candidatar novamente sim. 

Qual a principal lembrança que vocês vão guardar do Pinduca?
Ciene:
A lembrança que eu tenho dele é a de um herói, ele era tudo para mim. Fazia compras até hoje para os filhos, Ligava, às vezes, duas horas da manhã só para ouvir a nossa voz e ver se estávamos bem. Foi uma perda que só Deus para nos dar força para seguir. 

Leandro: Meu pai foi tudo para mim. Era a minha inspiração, tinha um jeito único. Ele era sincero, não mentia. Para ele, era fidelidade acima de tudo. 

Que mensagem você gostaria de deixar para os betinenses. 
Ciene:
Eu queria agradecer a Deus por ter dado a oportunidade de ter um pai tão maravilhoso e a oração de cada um para a gente seguir. É uma perda grande, e só estou de pé pela minha mãe e pelos meus irmãos. 

Leandro: Faço as palavras da Ciene as minhas. Quero agradecer a Deus pelo pai fantástico que eu tive.