Polêmica

Vereador acusa prefeito de cometer ‘pedalada fiscal’

Antônio Carlos denuncia que governo desconta do servidor, mas repassa com atraso o valor dos empréstimos consignados aos bancos; fato se assemelha ao feito por Dilma Roussef

Publicado em 19 de maio de 2016 | 20:21

 
 
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As famosas “pedaladas fiscais”, um dos motivos que ocasionaram o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) por até 180 dias, se tornaram tema de discussão na Câmara, na reunião da última terça-feira (17). Isso porque o vereador Antônio Carlos (PT) acusou o prefeito Carlaile Pedrosa (PSDB) de “imitar” a presidente e também “cometer supostas pedaladas” em seu governo.

Segundo o vereador, servidores denunciaram para ele que a prefeitura não estaria fazendo o pagamento aos bancos dos empréstimos consignados na data certa, atrasando o repasse que é descontado no salário dos trabalhadores todo quinto dia útil.

“Eu encaminhei para o Ministério Público algo que está acontecendo em Betim que é muito parecido com as famosas pedaladas fiscais que levaram ao impeachment da presidente Dilma. O que acontece é que o prefeito Carlaile desconta do contracheque do servidor o valor da prestação do empréstimo consignado, mas não está repassando. Com isso, o banco pode até colocar o nome do servidor no serviço SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), que também não consegue renegociar suas dívidas. Tem funcionário que está com nome negativo, e o banco fazendo a cobrança, mesmo tendo sua prestação descontada. Isso requer atenção de todos nós, pois se assemelha à famosa pedala fiscal, que é o atraso de pagamento aos bancos”, disse o vereador na tribuna.

Ainda conforme o petista, além da denúncia no Ministério Público, ele também encaminhou um relatório para a Câmara. “Encaminhei para esta Casa para saber qual o entendimento que será dado a essa ação do prefeito, o que o jurídico da Câmara vê de errado”, disse.

Um vereador da base do governo e um dos maiores defensores da administração confirmou o atraso e disse que isso está ocorrendo por causa da crise financeira. “A situação está difícil”, afirmou.

Uma servidora, que trabalha como auxiliar de saúde bucal, disse que teve problemas por causa disso. Segundo ela, ao tentar negociar sua dívida, obtida por meio de um empréstimo junto ao BMG, não conseguiu. “Fui tentar negociar, mas me disseram que não tinha jeito porque o convênio com a prefeitura foi suspenso porque o governo não estava passando o dinheiro no tempo certo. Então, não tive como negociar meu empréstimo”, disse.

O operador de som Ronaldo José Donato, o Chita, tem descontado todo mês de seu salário R$ 428 de empréstimo consignado. “Tenho receio de que o meu nome vá para o SPC por causa disso, já que estão falando que a prefeitura não faz o repasse no dia certo. É complicado, porque é descontado todo mês da gente”, declarou.

A reportagem acompanhou o servidor em alguns bancos na tentativa de saber como anda o contrato do governo com as instituições. No Banco do Brasil, a funcionária disse que, no momento, os empréstimos consignados por meio de convênio com a prefeitura estão sendo feitos. “Mas, no mês passado, ficamos uns 15 dias sem poder fazer devido aos atrasos de repasse. Depois, a situação foi regularizada”, relatou.

Na Caixa Econômica, a agência informou que os empréstimos continuam sendo fornecidos. Já na agência do BMG, funcionários disseram que o contrato está suspendo há quase um ano “por questões administrativas”.

Recorrente
Em fevereiro, O Tempo Betim mostrou que os problemas relacionados aos atrasos no repasse às instituições bancárias estavam prejudicando os servidores. Na época, o contrato com o Banco do Brasil estava suspenso temporariamente, justamente por causa dos atrasos dos repasses. A prefeitura, na época, declarou que o problema era o sistema de informática que estava sendo implantado, que estava gerando dificuldades nos repasses.

Procurada para falar sobre a denúncia do vereador Antônio Carlos, a assessoria da prefeitura não quis se pronunciar.