Dois dias após um estudante universitário morrer em uma tentativa de assalto ao sair da faculdade na rua Tom Jobim, no bairro Cidade Industrial, a Polícia Militar (PM) prometeu intensificar o policiamento na região. Segundo a corporação, uma viatura fará rondas diárias no local a partir da próxima segunda-feira, entre as 22h e as 23h, no horário de saída dos alunos e de funcionários de algumas empresas. Para muitos, porém, a iniciativa não será suficiente, já que os roubos e arrombamentos de veículos têm acontecido a qualquer hora do dia ou da noite.
Quem já foi vítima dos crimes conta que, sem alternativa, precisa conviver com o medo de novos assaltos. “Estacionar na Tom Jobim não é um hábito que posso mudar, a não ser que eu pare de trabalhar. Hoje, o que posso fazer é ficar atenta ao sair do carro, mas mesmo assim fico em pânico”, conta uma funcionária de uma empresa que há três meses foi abordada por dois homens armados ao estacionar o carro para ir trabalhar, no começo da tarde.
Um colega da mesma empresa, que preferiu não ser identificado, disse que há alguns meses presenciou um tiroteio na rua e que dias depois teve o carro arrombado. Apesar de ter tido o som roubado, ele não registrou boletim de ocorrência. “Eu até registraria se a burocracia fosse menor. Sei que não vão me dar resposta sobre o crime, mas pelo menos ficariam sabendo que ocorrências como essa estão acontecendo”.
Um vigia de uma empresa vizinha contou que também já presenciou dois assaltantes roubarem uma roda do carro de uma funcionária do local em plena luz do dia. “Era meio-dia quando os vi abaixados mexendo no carro. Assobiei, eles se assustaram e saíram correndo”.
Em outra empresa da mesma rua, um diretor, que solicitou anonimato, afirmou que muitos de seus funcionários já foram assaltados e que a situação é recorrente tanto de dia quanto à noite, já há dois anos. “Essa morte (do estudante) era previsível. Há três semanas liguei para a PM informando a situação. Mas o problema é que não existe prevenção. As respostas só chegam após os delitos”.
Responsável pelo policiamento no local, o tenente Lucas Vilela, comandante da 43ª Cia da PM, afirma que a polícia tem tomado medidas específicas para a região. “Desde julho nossa patrulha vem fazendo operações de abordagens e procura de armas e drogas quatro vezes por semana”, disse. Porém, nenhum dos entrevistados pela reportagem confirmou ter visto essas operações citadas pelo oficial nas últimas semanas.
Números
A PM registrou dez crimes violentos na rua Tom Jobim entre janeiro e 14 de setembro, sendo nove roubos e um homicídio. Segundo [/NORMAL]a polícia, não houve ocorrências em julho e agosto.
Sem visão
Segundo o tenente Lucas Vilela, desde abril, uma viatura fica estacionada diariamente, a partir das 17h, no encontro das avenidas Babita Camargos e David Sarnoff. O comandante afirma que as luzes intimidam, mas reconhece que, do local, não há visibilidade para toda a extensão da rua Tom Jobim.
Vilela diz que a patrulha de operações faz, desde julho, abordagens entre as 19h e as 21h, horário que concentra o maior número de crimes violentos. Já o reforço do patrulhamento na rua Tom Jobim, das 22h às 23h, será de segunda a sexta-feira, a partir da próxima semana.