Na segunda-feira à tarde, enquanto buscava um tema para esta coluna semanal, uma reunião na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) definia algumas coisas importantes para a temporada 2018 da primeira divisão de nosso campeonato nacional. Entre elas, se seria utilizada ou não a tecnologia daquele que ficou popularizado como “árbitro de vídeo”, o VAR (sigla em inglês de Video Assistant Referee).
Lamentavelmente, a votação definiu pelo “não”, ao menos momentaneamente, para esta temporada. Em resumo, a velha ladainha de sempre “fulano é roubado” ou “sicrano é o mais beneficiado do Brasil” vai seguir. Não que a tecnologia fosse solucionar todos os muitos problemas e equívocos de nossa arbitragem, mas seria mais um importante artifício na luta por um jogo mais justo.
Porém, meu objetivo aqui não é simplesmente criticar América, Atlético, Cruzeiro, Atlético-PR, Ceará, Corinthians, Fluminense, Paraná, Santos, Sport, Vasco e Vitória — além do São Paulo, que se absteve —, por terem votado contra, alegando custo alto que sairia dos cofres das instituições, cerca de R$ 50 mil por jogo.
Também a intenção não é apenas elogiar Bahia, Botafogo, Chapecoense, Flamengo, Grêmio, Internacional e Palmeiras por terem se interessado em assumir os custos de um milhão por clube, investimento que poderia, inclusive, evitar que erros os prejudicassem financeiramente mais à frente — até porque terminar uma posição abaixo do que é merecido pode gerar um decréscimo da premiação recebida, a não conquista de uma vaga para uma competição internacional ou até mesmo um rebaixamento.
O ponto extra no qual desejo aqui tocar, e que pra mim é o mais lamentável, é o fato de ser inconcebível que a CBF, única dona do Campeonato Brasileiro, não seja a responsável por bancar os custos de uma ferramenta que só faria bem ao produto, de qualidade questionável nos últimos anos.
Vou além: ao jogar a responsabilidade para os clubes, me parece que a instituição lava suas mãos. Algo como “tentamos aprovar, mas os clubes não quiseram. Resolvam com eles”. Entendem? A alegação da entidade máxima é que também não tem condições de bancar, pois leva prejuízo com o torneio. Ok. Então, que passe para outro administrar com competência.
Outras decisões. Foi aprovada, também, a utilização de gramado sintético no futebol brasileiro. Também não vejo problema nessa situação, tampouco acredito que os clubes que mandem jogos nesse cenário levem vantagem técnica. Melhor um sintético bem cuidado que muitos pastos que vemos por aí, ainda mais nesta época dos empolgantes Estaduais.
Porém, outro fato a lamentar foi a aprovação da venda de mandos de campo no torneio nacional. Discordo da decisão não apenas pela permissão da realização de cinco jogos fora de seu Estado — com a ressalva de não poder ser nas últimas cinco rodadas —, mas também pela não limitação da presença da torcida visitante no estádio. Nesse caso, é a clara inversão de mando sendo autorizada. Se clube visitante e federação local concordarem, os locais poderão ser alterados.