Sinceramente, em nenhuma linha de minha coluna da semana passada está grafado que defendo algo ilegal, sem alvará e que coloque em risco a integridade física de quem quer que seja. Acho que quem acompanha meus textos sabe os “valores que prezo”, como me escreveu um ilustríssimo e respeitabilíssimo americano de quatro costados, a quem muito me honra com sua leitura.
Alguns torcedores entraram em contato comigo, inclusive um dos atuais e dois ex-presidentes do clube, sobre as críticas que fiz à diretoria da agremiação, e posso, sim, ter sido mal-interpretado e até exagerado. Por que não? Mas também houve americanos apoiando meus comentários, só para registrar.
Opinião é opinião, mas informação errada tem que ser corrigida, caso esteja errada. E assim será! O América não tem porcentagem alguma em bilheteria nos jogos que não sejam seus no Independência. Pois bem, com isso, ele não arrecadará mais ou menos com um eventual aumento da capacidade do Independência. Me escreveram ressaltando isso! Todos os colegas de redação que conhecem muito bem essa situação me afiançam que o América tem, sim, porcentagem em tudo que é arrecadado, em qualquer evento. Dois e meio por cento, para ser fiel a eles. Confesso que até tentei ler o contrato em questão nesta semana, mas o ritmo de trabalho não me permitiu. Vou me aprofundar e prometo a informação correta e definitiva.
Voltando ao texto da semana passada, claro que o dono do estádio tem que prezar pelas pessoas que lá estão, mas é papel da Prefeitura de Belo Horizonte, dirigida por um atleticano confesso, ter o maior rigor na improvável liberação definitiva da arquibancada móvel que lá estava sendo montada, caso ela venha mesmo a ser usada, justamente para não se dizer que o poder público, que é de todos, está beneficiando A, B ou C. Tem ainda o Corpo de Bombeiros e o Ministério Público de olho nisso, o que não é pouco. Duas das poucas instituições do Brasil nas quais ainda podemos confiar.
O que eu quis enfatizar, usando palavras fortes, admito, é a posição antiquada do América no trato de questões que lhe poderiam ser favoráveis, e muito.
Quando escrevi que o Independência “caiu no colo” do clube, me referi a um grande negócio feito pelo América com o Sete de Setembro, há décadas, e não que algo tivesse sido de graça, como no caso da recente reconstrução do estádio, esse, sim, um tremendo bom negócio para o Coelho, que, agora, com o dinheiro do contribuinte mineiro (atleticanos e cruzeirenses, inclusive), tem uma arena moderna, em uma região central da cidade, que pode receber muitos eventos e gerar muito dinheiro, como já ocorreu no passado, com grandes shows.
Ninguém tem dúvida que o estádio é do América. Isso é ponto pacífico! Volto a dizer, quando o Atlético anunciou que jogaria no Independência após acordo com a BWA, o América teve a mesma posição belicista e obsoleta. Acho que não engoliu isso até hoje, em vez de enxergar o lado positivo de gastar quase nada com a manutenção da arena, de ter seu nome e sua marca, que aparecem muito em todos os jogos, mostrados para outros países em jogos da Libertadores, por exemplo, como na quinta-feira.
Essa rivalidade regional fora das quatro linhas é perniciosa aos clubes brasileiros, que poderiam estar juntos para negociar com a TV e com os demais patrocinadores, organizar bons campeonatos e dividir melhor o dinheiro que o futebol gera. Se América, Cruzeiro, Atlético, Bahia, Vitória, Internacional, Grêmio, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Botafogo, Vasco, Flamengo, Fluminense, Náutico, Santa Cruz e Sport, só para ficar nos grandes centros, deixassem o provincianismo de lado, o América, só para citar outro exemplo, teria uma cota de TV maior, claro que não igual aos grandes, mas a distância, que hoje é cada vez maior, poderia ser cada vez menor entre Coelho, Raposa, Galo e os demais partícipes desse mundo cheio de não me toques do futebol.
Quase em todas as vezes que eu terminava um parágrafo no texto da semana passada tinha um “triste”, um “que pena”. Meu intuito foi alertar um clube “mais do que respeitável”, também contido no texto da semana passada – para os que não repararam ou não quiseram reparar –, centenário, que está com sua torcida cada vez menor e quase sem renovação, e que, a continuar assim, terá, futuramente, dificuldades para entrar em campo e honrar toda sua tradição.
Gente, não nos esqueçamos que o América caiu, e não faz muito tempo, para a Segunda Divisão de Minas Gerais, e não consegue se manter na Série A, sem contar a grotesca e inadmissível falha administrativa em 2014, que custou seis pontos na Série B, que, se não fossem perdidos, recolocariam o time na Série A. São fatos preocupantes, não para daqui a dois, três, cinco anos. Mas o que será do América daqui a 20, 30, 40 anos, quando os abnegados que estão no clube há muito tempo, errando e acertando, mas de coração, não se pode negar, não estiverem mais lá?
As pessoas passam, morrem, mudam de cidade, de país, ficam doentes, se enchem das coisas. As instituições, bem cuidadas, ficam.
Cadê a nova geração de dirigentes do América, da torcida do América? Ano passado, o Coelho fez a crueldade com seus torcedores de ser campeão mineiro após 15 anos e ser “rebaixado” a partir da segunda metade do primeiro turno do Brasileirão, quando, já a essa altura, só um milagre o salvaria. Se rebaixou na quinta rodada, quando demitiu Givanildo Oliveira. E eu escrevi isso à época, que o América estava assinando o termo de volta à Segundona.
Muita gente questionou sobre a coluna passada, na qual eu estaria escrevendo para beneficiar “meu clube do coração”, uma péssima mania que o Brasil adotou de uns tempos para cá. Quando você é contra alguma coisa, necessariamente é a favor daquilo que se opõe a essa coisa, uma visão provinciana, sim. Não existe mais o menos pior! Aliás, por falar nisso, tenho desagradado geral, pois já fui chamado de “flamenguista”, “atleticano”, “cruzeirense”. Ou seja, estou no caminho certo, mas posso cometer excessos.
A quem ficou ofendido com minhas enfáticas palavras da semana passada, peço sinceras desculpas, até pelo fato de muitas pessoas idosas terem me escrito, fazendo questão de ressaltar isso, além do amor incondicional pelo América, o que muito me fez refletir. A elas, só por já terem vivido bastante, e a todos os americanos que concordam comigo ou não, o meu mais profundo respeito, mas não é esse o caminho que o clube precisa seguir para não ser engolido pelo Século XXI.
O América, o futebol mineiro e até brasileiro merecem que o Coelho siga, se não forte, pelo menos com perspectivas de melhora. Agora, aos que estão felizes e satisfeitos com as seguidas decepções do América, que sigam assim.
Exemplos, como Portuguesa e Guarani, só para ficar nesses dois clubes tradicionalíssimos, estão aí.
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