Sim, teremos Primeira Liga em 2018. Em reunião realizada na última segunda-feira, os membros da entidade discutiram a proposta para a competição deste ano e resolveram disputá-la entre junho e julho, na parada para a Copa do Mundo. Pronto. Bastou sair a informação e o que mais ouvi por aí foram frases do tipo “isso ainda existe?”, “ninguém liga”, “acaba logo”. A competição, de fato, não pegou, mas, mesmo assim, os clubes insistem em inseri-la em um calendário cada ano mais apertado.
Mas os dirigentes ainda enxergam uma luz no fim do túnel, afinal, eles têm o mais importante, que é o dinheiro da TV (R$ 23 milhões anuais, em um contrato que vai até 2019). A intenção agora é tentar, mais uma vez, o diálogo com a CBF, algo que não ocorreu a contento nas duas primeiras edições do torneio. Marcus Salum, presidente do América, é a nova liderança do grupo e mostra-se animado com o desafio. Ele assumiu o posto depois que Gilvan de Pinho Tavares deixou o cargo por ter findado seu mandato no Cruzeiro.
Formato
Para a competição deste ano, a decisão foi acabar com a fase de grupos e arquitetar uma disputa em mata-matas, o que é bem mais rápido. Os 16 times participantes vão jogar em fases de oitavas, quartas, semifinais e final, em confrontos de jogos únicos, o que ocuparia apenas quatro datas no calendário, em um total de 15 partidas realizadas. Essa seria uma edição especial, e, nos próximos anos, a competição seria mais extensa, com o dobro de datas.
Ideia
A Primeira Liga tem contrato com a TV para os anos de 2018 e 2019. Com pouco espaço no calendário deste ano, a intenção é empurrar esse contrato para 2019 e 2020, fazendo a competição em mata-mata, mas com jogos de ida e volta. Para este ano, falta acordar como a televisão compraria esse torneio-relâmpago, disputado nos dias em que não houvesse agenda de Copa do Mundo dentro desse um mês do Mundial. São os chamados “rest days”.
Aval
A pergunta que se faz é: os clubes podem realizar o torneio no período de Copa, mesmo sem o aval da CBF? Salum diz que sim. “Com certeza, os clubes da Série A poderão fazer, sim. Mas nós temos seis clubes da Série B, um campeonato que não para durante a Copa, e nosso objetivo é a inclusão da competição no calendário oficial da CBF. Não vemos sentido em não fazer o entendimento com a CBF e fazer as datas de comum acordo”, disse ele a esta coluna.
Encaixe
Aí que está. A Primeira Liga este ano, no formato que os dirigentes querem, precisa de 16 equipes participantes – o grupo tem 19 integrantes. Seriam dez da Série A e seis da Série B. A Segundona não para durante a Copa e terá cinco rodadas no período. Seria preciso, nesse caso, colaboração da CBF na marcação dos jogos, para que haja o mínimo de 66 horas entre dois jogos, segundo exige a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf).
Dinheiro
Em que pé estaria a negociação com a televisão? Segundo Salum, na verdade, existe um contrato de R$ 23 milhões. “Neste contrato, não consta aumento. Caso tenhamos uma proposta maior, podemos tentar negociar. No nosso entendimento, essa prorrogação não vai gerar ganho no contrato de televisão, a não ser que tenhamos alguma novidade”, explicou o presidente da Primeira Liga. Claro que tudo é levado para a mesa de negociações.
Agenda
Salum deve conversar com a CBF depois do Carnaval. A Primeira Liga é atualmente composta por Atlético, Cruzeiro, América, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Ceará, Paraná e Chapecoense, times da Série A, e Atlético-GO, Avaí, Londrina, Brasil de Pelotas, Criciúma e Figueirense, da Série B. Joinville, Luverdense e Tupi, da Série C, são membros, mas ficariam fora da disputa ao menos neste ano.