Na noite do último dia 13, Dia dos Pais, fui dormir mais preocupado do que o normal. Afinal, com mais razão agora e obviamente traumatizado pela crise por que passa nosso país, em todos os setores, lembrei-me de meus filhos. Um a um desfilavam em minha lembrança, desde suas mais tenras idades. Lembrei-me, também, de meus netos. Quando jovem, apesar de ser integrante de numerosa família, nunca imaginei que seria pai de seis filhos e avô de nove netos (os mais bonitos do mundo…). Todos – é preciso dizer – com saúde e, imagino eu, ainda dispostos a enfrentar a crise aqui, em nosso território.
Crise, aliás, que não é de hoje, mas que, infelizmente, não foi debelada nem pela minha, nem por muitas outras gerações. Essas festas despertam alegria, leitor, mas também saudade, que se transforma, não raras vezes, em suave ou profunda tristeza. Os jovens ainda não entendem isso, mas meus companheiros de suada caminhada saberão entender o que desejo dizer.
No sono, que esperava transformar-se em eficiente restaurador de minhas energias combalidas, fui assaltado por um sonho delirante. Sonhei que o mundo estava em guerra, mas não se tratava do conflito que, parece, desejam os presidentes da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e dos EUA, Donald Trump (ou os dois estão apenas brincando com a humanidade?). Ambos péssimos exemplos, mas com esta imensa diferença: um valeu-se do voto democrático para se eleger (prova de que não há como impedir, nem na democracia, a tomada do poder por um paranoico); o outro, da força.
A guerra com a qual me percebi envolto fez-me voltar algumas dezenas de anos. Vi-me, leitor, em plena Segunda Guerra Mundial. Apanhei-me olhando, ainda criança, alguns meses antes do Dia da Vitória, que se deu em 8 de maio de 1945, ao lado de atentos colegas do curso primário, as fotos impactantes que estampava a revista estadunidense “Em Guarda”, que circulava em vários países da América, além do Brasil, e que, no colégio, meio às escondidas, aparecia de vez em quando. Meus olhos de menino não as compreendiam direito, mas, por meio delas, tomava conhecimento dos horrores praticados pela Alemanha nazista. Aquelas fotos amedrontavam-me e, ao mesmo tempo, revoltavam-me. Foi naquela época que, pela primeira vez, brotou em mim o sentimento de justiça e de liberdade. Nascia ali um eterno e teimoso defensor da paz que não admite a guerra como solução e para conflitos entre seres humanos, que não a aceita nem em videogames.
Ao mesmo tempo em que me lembrava dos horrores da guerra, ganhavam proporções assustadoras a fisionomia e as palavras de Donald Trump ameaçando o regime do ditador da Coreia do Norte com “fogo e fúria”: “Se (Kim) fizer algo com relação a Guam (base militar) ou a qualquer outro lugar que seja um território norte-americano ou um aliado, vai arrepender-se de verdade, e vai arrepender-se rápido”.
Nestes tempos bicudos, estamos tão acostumados à violência que não percebemos que o perigo que nos ronda pode transformar-se em tenebrosa realidade. Entendidos de guerras e armas já admitem que a ameaça de Trump a Kim já deixou de ser possível para se tornar provável. Sem ter realizado internamente nada do que prometeu, o presidente norte-americano estaria disposto a recuperar a perdida popularidade por meio de medida de repercussão internacional. Será que o homem enlouqueceu de vez?
Só se percebe o divino através dos animais, afirmou Rita Lee: “Nós, humanos” – continuou ela –, “somos apenas coadjuvantes”.
Ameaça que pode transformar-se em uma tenebrosa realidade
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