Um abaixo-assinado da mãe de uma menina para ela poder participar de um campeonato jogando ao lado dos garotos da cidade repercutiu muito nas redes sociais na última semana. A história de Maria Alice, de 10 anos, sensibilizou mais de 19 mil pessoas, que assinaram a lista para que ela pudesse jogar com os colegas. A competição em questão é a Copa Sesc, que está em sua 30ª edição. Após tanta mobilização, a instituição abriu exceção para a pequena Maria Alice, que foi inscrita no torneio junto com os meninos.
Tudo resolvido, então? Para Maria Alice até que estava, mas a ressalva feita para a garota abre precedente para outras reivindicações, como já está acontecendo. Josias Pereira, o repórter do Super FC que fez a matéria sobre Maria Alice, já recebeu o contato de um pai que está passando pela mesma situação com a filha. Segundo ele, o Sesc não aceita a inscrição da menina para jogar junto com os meninos.
O caso de Maria Alice expõe questões muito discutidas atualmente, como igualdade de gênero, machismo e empoderamento feminino. São assuntos que devem, sim, ser amplamente debatidos na mídia, na sociedade, em qualquer lugar.
Mas, conversando com uma amiga que trabalha no Sesc e vive o outro lado da história, vi o fato com outros olhos. A Copa Sesc tem um regulamento bem claro e com as modalidades bem-definidas.
Diferentemente de muitas outras competições esportivas, principalmente de futebol e futsal, a participação feminina é incentivada e almejada pela instituição. Tanto que tem a categoria no torneio.
Em vez de tentar burlar as regras do campeonato, mais interessante seria se fosse estimulada a presença de meninas nos campos de futebol e nas quadras de futsal. Maria Alice jogar com os meninos da cidade não muda a necessidade de se aumentar a participação feminina em um esporte predominantemente masculino. Lá nos anos 90, eu mesma me aventurava nas peladas entre os meninos na escola, como muitas outras garotas fizeram pelo país afora.
Excepcional seria se em cada escola, cada bairro, cada cidade, houvesse times de futebol feminino e de idades variadas. Extraordinário seria se Maria Alice pudesse jogar junto com outras meninas, num torneio com mais times femininos.
Eu entendo o lado da Maria Alice e de sua família. Jogar com os meninos é a única possibilidade que ela tem. Mas fica a discussão para que se busquem novas meninas que talvez também tenham interesse em jogar futebol, mas, como não existe um time feminino, elas não jogam.
O futebol feminino é muito abandonado, tem dificuldades grandes de se manter, se consolidar no cenário esportivo. Se as meninas que gostam da modalidade se sentissem encorajadas e encontrassem equipes para recebê-las, em diversos lugares do Brasil, teríamos bem mais do que uma Marta, uma Cristiane ou uma Formiga. Teríamos a base para futuras jogadoras – quem sabe um dia profissionais – até da seleção brasileira.
Que o caso da pequena Maria Alice sirva para refletirmos sobre os rumos que podemos dar para o futebol feminino, principalmente para o esporte de base no país.
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