Aconteceu o que, de certa forma, todos estavam imaginando que aconteceria. A polarização da eleição no segundo turno alcançou contornos absurdos. A radicalização de ambas as posições por parte dos candidatos e da militância faz todos perderem a razão, a noção de respeito ao outro e, principalmente, o sentido do ato de votar. Em resumo, a disputa ficou insustentável. E seja quem for o vitorioso, ele vai assumir um país partido, com uma de suas metades absolutamente ressentida e incapacitada de abraçar qualquer proposta, ainda que ela seja boa e beneficie a todos.
A divisão de um país está diretamente relacionada à governabilidade política e à capacidade de implementação de ações administrativas eficientes. Em outras palavras, o próximo presidente não terá vida fácil. É possível que a tendência de adesão ao governo que, normalmente, atinge a maioria dos partidos aconteça. Mas, ainda assim, estabelecer uma política conciliatória não é tarefa fácil, depois de um desgaste como o provocado pela atual campanha.
As dificuldades de gerir política e administrativamente um país podem ter consequências importantes. São obras e projetos parados, programas suspensos e expectativas frustradas. O tempo que isso tudo pode demorar é uma verdadeira incógnita. Mas, certamente, lá vão alguns meses. E, como a reforma política não foi feita, em 2016 já tem nova eleição – desta vez para prefeitos e vereadores. Assim, o Brasil terá pouco tempo para se refazer dessa confusão que a campanha impôs.
E quando é questionado o motivo de tudo isso, qual é a resposta? Será que PT e PSDB são assim tão diferentes que a derrota de um e a vitória de outro são capazes de virar o país de cabeça para baixo? A resposta mais prudente é “não”. Os dois partidos não são assim tão diferentes. As semelhanças os aproximam tanto que os discursos das campanhas caminharam para questões de ordem ética e pessoal, já que, do ponto de vista ideológico, as convergências são muitas.
Mas do que em 1989, quando Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva disputaram o segundo turno, trata-se de uma questão emocional e extremamente relacionada à acessibilidade social. As pessoas estão se envolvendo como nunca nas duas campanhas porque se enxergam nelas. Lá estão seus interesses financeiros, como cargo, emprego e capacidade de compra, a sensação de estabilidade e expectativa de futuro.
Mais uma vez o eleitor brasileiro se posiciona de forma inteiramente individual e sem engajamento político. Os interesses que estão aparecendo nas campanhas são mesquinhos, pequenos e não representam o avanço da democracia. A guerra, como todas as outras, não tem a menor razão, mas as feridas são verdadeiras e vão deixar sequelas.
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