Difícil acreditar que a Argentina tenha perdido essa final para o Chile, pelo futebol que ambas as seleções apresentaram durante toda a Copa América. E a principal estrela de cada uma errou cobrança de pênalti: Messi e Vidal. Depois de placar em branco, que só ficou intacto por defesas espetaculares de Claudio Bravo e ansiedade de Higuain, que chegou na cara dele e chutou para fora. O fator emocional pesa demais em um jogo desses. Além de ser uma final, a rivalidade entre argentinos e chilenos extrapola os gramados e simples disputas entre seleções. Faz lembrar arquirrivalidades entre clubes da mesma cidade, tipo Atlético x Cruzeiro; Grêmio x Inter; Palmeiras x Corinthians; Flamengo x Vasco e por aí vai. E tem o componente político, que vem da época da colonização, apesar de a Argentina ter ajudado o Chile em sua luta contra a Espanha pela independência. Mais recentemente, quase entraram em guerra, na disputa pelas ilhas que formam o Canal de Beagle, na divisa entre os países, no pé da Cordilheira dos Andes, que movimentou tropas dos dois países há quase 40 anos atrás. A guerra só não começou porque o Papa João Paulo II entrou em ação e conseguiu convencer os dois lados a dialogar.
E em mais essa perda argentina de uma decisão importante, Lionel Messi pode estar entrando para a história como mais uma vítima do destino, ou dos “deuses dos gramados”, como diria Armando Nogueira. Periodicamente, o futebol escolhe grandes astros ou até mesmo gerações para esse papel: o goleiro Barbosa e a seleção de 1950; a Hungria de Puskas, em 1954; Johan Cruyff e a Holanda de 1974/78; Zico e a geração e 1982...
Abalado, Messi disse que não “deverá” jogar mais pela Argentina. Tomara que tenha sido apenas cabeça quente e que ele esteja em campo nas eliminatórias e na Rússia, em 2018. O futebol agradeceria!
Completamente imprevisível
Essa 11ª rodada mostrou a dificuldade e a imprevisibilidade que é o Campeonato Brasileiro. Boa parte da imprensa paulista já dava o Palmeiras como campeão, como se estivéssemos no segundo turno. Tomou a sapecada do Cruzeiro, que saiu da lanterna ao golear a Ponte Preta fora de casa e agora já almeja brigar entre os quatro primeiros. O Galo também estava na zona de rebaixamento, mas bastaram alguns “reforços” que eram dele mesmo para emendar três vitórias consecutivas e chegar perto dos primeiros. Erazo, Douglas Santos, Dátolo e, principalmente, Cazares deram outra cara ao time. Contando ainda com boas atuações de Clayton, que finalmente começou a mostrar serviço.
Gangorra
O Grêmio, que brigava na cabeça, perdeu em casa para o Vitória, que lutava para sair da zona da degola. E agora voltou a perder, fora de casa, para o Atlético-PR, que também não está lá essas coisas. Pior fez o Inter, que poderia ter assumido a liderança com a derrota do Palmeiras, mas conseguiu perder no Beira-Rio para o Botafogo, que nem assim saiu da zona de rebaixamento. A Chapecoense foi o último a perder a invencibilidade neste ano, mas tomou de 5 a 1 do Sport, que com essa vitória saiu das últimas posições.
Leicester da Caatinga
O Santa Cruz começou embalado, liderou a disputa durante três rodadas e chegou a ser citado como um possível “Leicester” brasileiro. Entrou na lista dos quatro últimos e terá sérias dificuldades para sair de lá. Campeonato completamente equilibrado nas partes de cima e de baixo da classificação.
Errou na montagem
A situação do América é complicada no Brasileiro, mas a diretoria não pode cair na besteira de mudar novamente de treinador. O elenco americano é fraco para a Série A, e todo o esforço deve ser feito agora para que o time fique pelo menos até a 16ª posição na tabela, depois da última rodada. O primeiro passo é dar força ao treinador, que é competente, e unir o grupo cada vez mais em torno desse objetivo. O “título” do Coelho neste campeonato é conseguir ficar em até 16º lugar.
Homenagem pertinente
Givanildo Oliveira foi homenageado no domingo, com justiça, por uma das torcidas americanas, no Independência. Ele foi a primeira grande vítima dos erros da diretoria no fim do ano passado, quando ela não impediu a saída de alguns jogadores e contratou errado. Deixar o zagueiro Wesley Matos sair foi um equívoco grave. E por falta de diálogo, já que a renovação agarrou por questões de tempo de duração do contrato.
O atacante Richarlison foi a maior revelação do futebol mineiro nos últimos anos, mas nem esquentou o lugar no América, que o negociou com o Fluminense.
Tarefa difícil mesmo
Claro que segurar jogadores assim não é fácil, mas é aí que entra a competência de uma diretoria para se virar. Ou então contratar peça de reposição à altura. No domingo, Richarlison marcou o gol da vitória do Fluminense sobre o Flamengo, em um lance parecido com o que o Higuaín deixou de marcar para a Argentina contra o Chile.