Para um, foi uma “ardilosa armação”. Para outro, foi uma conspiração para derrubá-lo do governo. Para a sociedade, no entanto, o que parece é que estava em curso, e há muito tempo, décadas e talvez séculos, um condomínio em que o Estado era fatiado entre particulares, proporcionalmente ao poder político de cada um.
A sociedade tinha percepção dessa situação histórica, identificando no patronato brasileiro os donos do poder. Em várias oportunidades, apostou que era possível uma mudança por via pacífica, isto é, por meio do voto. A mais radical delas foi a eleição de um líder sindical para a Presidência, seguida pela de uma ex-guerrilheira.
Foi o bastante para, em pouco tempo, serem demolidos vários mitos da esquerda. A primeira coisa que fizeram os novos postulantes ao poder, para ganhar as eleições, foi se associar a seus donos, ingressando no condomínio e deixando-se contaminar por seus métodos e processos, entre os quais a corrupção endêmica.
O resultado dessa sociedade não poderia dar certo. Contribuiu para isso a administração inepta do Estado, especialmente porque ela colocou a nu os pecados da oligarquia. Os vídeos com a delação do doleiro Lúcio Funaro divulgados pela Câmara não deixam dúvidas sobre a extensão do esquema que tomou conta do país.
Michel Temer ascendeu ao poder cumprindo as formalidades. Mas logo se verificou que não teria condições de conduzir o país a um novo patamar, como pretendeu com a execução do ajuste fiscal e a proposição de reformas. O presidente está sendo tragado pelo próprio esquema de corrupção revelado nos governos petistas.
Desse esquema, muito poucos escapam. O presidente reclama haver uma conspiração contra seus bons propósitos, mas “compra” apoios para vencer uma segunda denúncia e se manter no poder. Seja qual for a decisão do plenário da Câmara, na próxima quarta-feira, o cutelo continuará suspenso sobre sua cabeça.
Como avaliou a procuradora geral da República, Raquel Dodge, os R$ 51 milhões encontrados num apartamento em Salvador são “apenas uma fração de um todo ainda maior”.
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