Apesar das teorias conspiratórias que proliferam, sobretudo nas redes sociais, tudo indica que houve de fato um acidente aéreo (não criminoso) em Paraty, no litoral do Rio de Janeiro, matando o ministro do STF Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato, e mais quatro pessoas.
Chovia na hora. O aeroporto é praticamente uma pista de pouso. Opera apenas em condições visuais, quando é possível ver a pista a 5 km de distância. O piloto tentou arremeter, mas o avião bateu com a asa na água. Caiu quando estava a 2 km da pista.
Não obstante, muitas questões estão no ar. Apesar de o ministro estar em férias, é estranho que não houvesse um esquema de proteção a sua pessoa física e institucional, impedindo que corresse riscos desnecessários.
O ministro conduzia, como disse um afamado advogado, “o procedimento policial e criminal mais importante na história do Brasil”. A operação Lava Jato está fazendo a mais profunda investigação sobre negócios envolvendo políticos e empresários do país.
Peça-chave da operação, o ministro Teori preparava-se para homologar a delação de mais de 70 executivos da Odebrecht, uma das principais empresas envolvidas no escândalo, na qual são citadas centenas de políticos. Agora, todo o processo sofrerá atrasos e adiamentos.
“Sem ele, não teria havido a operação Lava Jato”, disse o juiz Sergio Moro. Teori conduzia o processo com discrição e propriedade. Duas decisões importantes que tomou foi prender o senador Delcídio do Amaral e afastar o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Agora, tudo é incerto. O presidente Michel Temer terá de indicar à apreciação do Senado um novo ministro. Mas a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, pode decidir, excepcionalmente, sortear o processo entre os outros ministros da mesma turma de Teori.
É o que se espera. A sorte ou o azar da Lava Jato está nas mãos da ministra Cármen Lúcia.