Era inevitável que o governo tivesse de fazer concessões no projeto original de reforma da Previdência, como aconteceu nesta semana, quando o relator, deputado Arthur Maia, anunciou nove mudanças na proposta.
A apresentação do novo texto deveria ter sido feita ontem na comissão especial que trata da reforma. O governo concordou com a maioria das mudanças, admitindo que, sem elas, a matéria não seria aprovada.
Segundo a Fazenda, agora a economia para as contas públicas cairá de R$ 800 bilhões em dez anos para R$ 630 bilhões – uma redução de 20%. Com isso, diz o governo, uma nova reforma será necessária daqui a alguns anos.
O clima não é, ademais, favorável. O governo conseguiu arregimentar um razoável apoio parlamentar (ainda precisa de mais), mas grande parte da opinião pública está contra esta e as outras reformas, exigindo “nenhum direito a menos”.
Os discursos e a realidade da economia nos últimos três anos não convenceram parte da população da gravidade da situação; desconfia-se das intenções dos atuais governantes, implicados em denúncias de corrupção.
Se a conjuntura fosse positiva, com o país em crescimento e pleno emprego, ainda assim diriam que a reforma da Previdência e outras não seriam necessárias, como aconteceu durante o primeiro governo Lula.
As mudanças agora pretendidas, embora parciais, são mais agudas, representando um novo cenário para o Brasil. É importante que o debate seja aprofundado e se mantenha pelos próximos anos.
Alguns princípios, como o de igualdade e justiça no sistema de Previdência Social, não se estabelecerão a não ser com o tempo, desde que as contradições no meio da sociedade fiquem mais visíveis para todos os cidadãos.
Às vezes, a visão de parte da população é de curto prazo, para o período de existência de apenas uma vida, não incorporando a preocupação com o futuro dos próprios descendentes, como filhos e netos.