Existe uma lenda de que alguém deprimido ou muito angustiado é aquele ser acamado, desvitalizado, trancado em um quarto escuro, preso a ideias negativistas, invadido por ideias de autoextermínio. Sim, muitas vezes esse é o estereótipo clássico do depressivo. Nesse caso, tomar um banho é um sacrifício, o dia tem o peso de um século, a dor na alma lentifica tudo, e, neste mundo crepuscular, até a fé se esvai. Esse tenebroso deserto é quase impossível de atravessar para o deprimido. Este buraco negro que traga força de vontade, emoções e sentimentos positivos, gravita pensamentos de culpa, pessimismo, ausência de esperança e luz, é indescritível. Quem consegue vivenciar isso e gradualmente superar, é, antes de tudo, um vitorioso, um forte, um herói! Não o contrário.
Lamentavelmente, os que o circundam tendem a pensar o contrário: falta fé, é um fraco, preguiçoso, não quer reagir e, ainda, tentam erradamente cutucá-lo: “você que tem uma família ótima, boa condição, é inteligente...”. Por favor, não cometam tal heresia. O depressivo esvaiu suas energia vitais, psíquicas e de fé na vida. Cobrar dele qualquer reação é empurra-lo abismo abaixo. Precisa de ajuda e tratamento médico adequado. Compreensão, apoio, mãos dadas no breu que momentaneamente habita.
Mas, e quando o quadro é invertido? A pessoa se mostra agitada, inquieta, acha que nenhum lugar está bom, se transtorna com facilidade, algumas vezes fica agressiva, reclama de tudo, não dorme bem e já acorda de mau humor. Num mundo acelerado, corrido, competitivo, a angústia e a depressão se mascaram, e a confusão mental se instala.
Ideias de ruína, cismas, mania de perseguição e nervo à flor da pele fazem surgir sintomas físicos. A dor no peito contínua, o corpo dolorido como se cada fibra muscular doesse ao mesmo tempo, coração disparado, respiração curta como se faltasse ar. O corpo acelerado, a ausência de relaxamento, uma “pensação” disparada, sofrimentos antecipatórios, preocupações irrealistas e monotemática, parasitam a mente. Erradamente interpretada como fase maniforme ou bipolaridade, tem levado a tratamentos que ou sedam, ou impregnam, ou agravam o quadro. O diagnóstico se complica e retiram da pessoa sua potencialidade, qualidade de vida.
Talvez essa nova apresentação da “dor na alma seja característica de nossos tempos: hiperconectados 24 horas, sete dias por semana. Sempre insatisfeitos, correndo atrás de algo que no fundo é sobreviver. Nossa maquinação, perda do humanismo, um tempo acelerado, a sensação de que nunca seremos ou teremos aquilo que achamos ser ideal: riqueza, aparência impecável, sucesso. Abandonamos coisas simples, olhos nos olhos, um bom colo, detox de eletrônicos, um pôr de sol, aquela música inspiradora, a paz de espírito de quem tem tempo para apenas observar a dádiva de uma natureza que insiste em nos encantar. Levante os olhos da tela e algo mágico acontecerá: o prazer e o relaxamento o convidam para um novo tempo.
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