Sejam bem-vindos, pais órfãos de filhos vivos, abduzidos pelo universo paralelo internáutico, ou dos surdos-mudos, que nos acompanham no modo piloto automático, em silenciosos almoços e eventos regados a smartphones e carinhas mau-humoradas. São aceitos nesse clube os que tentam tirar do quarto os viciados em games para tarefas simples como almoçar com a família, receber a avó ou fazer deveres de casa. Lavar louça ou arrumar a cama seriam milagres.
Não serão aceitos, desculpem o mau jeito, pais bem-sucedidos, com ótimo diálogo com seus rebentos, que têm programas familiares divertidos ou saudáveis, ambiente de amor e respeito, em que telas, redes sociais e ambientes virtuais convivem saudavelmente com o mundo real, em que bom rendimento escolar soma-se a confiança, e as baladas não são intoxicadas por excesso de bebidas, drogas e sexo desvairado. Pais dormem, filhos divertem-se, e um "vai com Deus" ou um "a benção, pai " resolvem tudo. Esses bem-sucedidos pais não são os associados que buscamos.
Nesse clube, aceitamos como sócios aqueles que investiram tempo, afeto, expectativa e colheram decepção, baixos resultados, indiferença, filhos egoístas e exigentes ou ou aqueles cujos rebentos são normais: na deles, pouco papo, monossilábicos, emburrados, nada dizem, nada fazem, filhos inquilinos que não pagam aluguel e bagunçam suas tocas.
O objetivo do clube é fazer levantamento do que aconteceu no curto espaço de duas gerações. Proibido alegar que foi o vício tecnológico, assim seco e simples. Nas reuniões, precisamos debater que o casamento de nossa geração está com seus alicerces abalados; com humildade, diagnosticar que não geramos líderes carismáticos, exemplares. Não houve um Gandhi, um Mandela, alguém que inspirasse e conduzisse. Nossos filhos não têm fé em nada, nem em ninguém; nem aquela fase em que nós, pais, éramos seus primeiros ídolos e referências. Hoje, são os youtubers, os astros de futebol e seus parças e as festas das mil e uma noites. Descartáveis, lógico. Como tudo.
Nesse nosso clube, não aceitamos lamentações ou culpas, pois pressupomos que todos nós éramos bem-intencionados e sonhávamos que nossos filhos seriam gaivotas a voarem neste mundo global. Hoje, jogamos milhos caríssimos para nossas aves de quintal, com seus voos curtos, empoleiradas num cantinho e suas brigas de galo violentas. Geração "nem, nem, nem": nem trabalha, nem estuda, nem tá aí. Faz tantas pós e especializações que está sempre em estágio.
Nada de culpa. Apenas a frustração de sermos pais do que a Unesco, órgão das Nações Unidas, que é responsável pela educação, pela cultura e pelos estudos sociais, diz ser a pior geração em dois séculos de pesquisas. A primeira que não tem sido capaz de autossustentar, de oferecer soluções melhores que os pais e antepassados. Mas sejamos justos: um terço dos chamados millennials será bem-sucedido e nos liderará no futuro próximo. Nós os convidaremos para darem palestras, e nosso clube irá oferecer todo apoio a esses novos líderes. Afinal, quem aprende a se frustrar para de reclamar e busca aprender.
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