A rede mundial de computadores incrementou a comunicação em escala jamais prevista por qualquer teórico até 1970. Viabilizou a informação instantânea, reunindo imagem e som, que conferem fidedignidade às versões apresentadas quanto a atitudes e depoimentos de autoridades, figuras expressivas das artes ou anônimos em gestos heroicos ou infames, conforme avaliação do divulgador e seus seguidores. Tudo é muito rápido; portanto, com alto risco de execração pública, esfacelando reputações com dramáticos desdobramentos na autoestima dos alvos do momento. Tem produzido também celebridades, às vezes sem o talento necessário para figurar no panteão dos vencedores. Podem contar com robôs, que incrementem as curtidas e os compartilhamentos, ou criar sua própria página, libertando-se de empresários, disc-jockeys ou editores em mídia parcial. A qualidade do trabalho não é questão sine qua non para o sucesso, porque a escola brasileira vem ignorando a instrução, ao optar por uma repartição que expede diplomas em avaliações da aprendizagem muito flexíveis.
A crise econômica e as turbulências políticas têm inspirado críticas ácidas, agressões e informações falsas em programas transmitidos ao vivo, em matérias de importantes sites e nas postagens em redes sociais. São comentários repletos de palavrões, considerações desabonadoras e rótulos depreciativos, mesmo quando o tema é morte violenta ou desavença familiar. O uso de pseudônimo é um caminho fácil para os registros mais virulentos, especialmente se couber responsabilização criminal.
As moças são mais vulneráveis à desonra, às zombarias e à discriminação por conduta irregular, o que repercute diretamente na construção de sua carreira profissional. Tornam-se, então, alvo preferencial para os apupos de ex-namorados, que expõem fotografias em poses sensuais ou peripécias sexuais, transmitidas “ad infinitum” pelos celulares dos jovens sem reflexão quanto à vilania de sua atitude.
A campanha política está potencializando essa postura incendiária, deselegante e, frequentemente, mentirosa. Alguns grupos já estão se digladiando, embora não tenham propostas consistentes para os graves problemas sociais dos brasileiros, e seu açodamento impedirá a elaboração de um projeto coeso, viável e moderno. A cantilena de “saúde, educação e segurança” está muito surrada e não toca em muitas outras questões indispensáveis para nosso futuro, enquanto indivíduos e nação.
É lamentável que o melhor instrumento para a comunicação de todos os tempos seja usado para insultos, injúria e fragmentação de biografias sem aquilatar as consequências de uma mentira. Além disso, os registros diários não mostram avanços na qualidade da educação. A linguagem é tosca e repleta de erros gramaticais; a ignorância prepondera em conhecimento básico de história e geografia; e não se consideram as normas para a convivência pacífica no mesmo território virtual ou físico.
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