Um 1º de Maio desalentador. Tirando o dia de folga e a possibilidade de desfrutar alguns momentos extras com a família ou com os amigos, quem rala neste país não tem mesmo o que comemorar. Até a folga é motivo de preocupação. Em dias de crise, a produção parada e o movimento do comércio brecado só pioram as coisas.
E a sucessão de más notícias não tem fim. O fato de a presidente evitar falar em cadeia de rádio e televisão foi correto do ponto de vista político, afinal, a fala dela poderia desencadear novas ondas de protestos e oportunidades para adversários interromperem dias de menos rebeldia entre as Casas institucionais.
Porém, se por um lado a “covardia” ou a “precaução” de Dilma faz bem ao governo, por outro, desalenta a classe trabalhadora. O silêncio, como dito, faz bem para o momento político de Dilma, mas muito mal para quem espera mínimas reações.
Um dia antes do feriado, o trabalhador que pretendia comprar uma casa própria foi surpreendido por uma notícia de arrepiar os cabelos. O dinheiro do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, usado para financiar moradias, simplesmente desapareceu.
O João, um funcionário daqui do jornal, com menos de três anos de carteira e enquadrado no perfil de SBPE, já tinha encontrado o imóvel, negociado o valor com o proprietário e conversando com o seu gerente. Com a notícia, antecipada por O TEMPO de quinta-feira, o João está passando um feriado terrível, mesmo com a Caixa Econômica negando que haja problemas.
O seu sonho de algumas décadas desapareceu em minutos. Ele leu a notícia pela manhã e algumas horas depois se chocou com as respostas que teve do banco. Nem ele nem funcionários da CEF sabem ainda o que será o que vai acontecer.
No mesmo dia, o Senado aprovou o aumento do empréstimo consignado, possibilitando o comprometimento de 40% da folha de pagamento. Mais uma covardia contra aposentados e assalariados humildes, como é o caso de uma senhora de setenta e poucos anos que me abordou na semana passada perguntado por que, no mês de março, ela tinha recebido somente R$ 480 dos R$ 810 a que ela tem direito de uma pensão do Ipsemg.
Fui verificar o contracheque. Lá estava discriminado que R$ 130 correspondiam à 17ª parcela de um financiamento de 60 meses com o Banco Bonsucesso e outros R$ 114 eram a 5ª de 11 parcelas de outra consignação feita diretamente com o Banco do Brasil. Os descontos ainda incluíam os R$ 30 pagos ao serviço de saúde e outra renegociação de dívida.
A idosa não sabia nem mesmo o que tinha feito com os empréstimos. Lembrava-se vagamente de uma moça, com voz macia, oferecendo mais “dinheiro” através do telefone. Novamente, um 1º de Maio desalentador.
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