O futuro das eleições deste ano, e quiçá do Brasil, será definido na próxima quarta-feira em uma reunião de portas fechadas entre os socialistas. Porém, a discussão para o PSB é existencial. Com a morte de Eduardo Campos, o partido estará entre a cruz e a espada, em que a primeira é o PT, e a segunda, Marina Campos.
Sem catastrofismo político algum, corre o risco de a legenda minguar a ponto de desaparecer como alternativa viável de poder, seja pelo esvaziamento de sua bancada ou pela imprevisibilidade de uma escolha de Marina como candidata a presidente. O partido terá que redobrar as atenções e mergulhar em uma engenharia confusa para tentar evitar um fim angustiante.
Ao reunir as principais correntes na próxima semana, os socialistas estarão diante de três portais. Todos eles levam, inevitavelmente, a um futuro incerto.
A primeira das opções, e a que parece mais improvável, é a desistência de uma candidatura em função de um alinhamento com o senador tucano Aécio Neves, defendido por vozes fracas de uma pequena minoria.
A segunda, igualmente ruim, mas um pouco mais factível e talvez mais cômoda, é também desistir de ter um nome próprio e seguir com a campanha do PT, visando a uma participação mais ativa em um eventual segundo mandato de Dilma Rousseff, trilhando o caminho seguro do fisiologismo.
Já a terceira e mais provável situação é a que garante a legenda para Marina Silva.
Analisar a história recente é o bastante para concluir que a decisão é igualmente perigosa para o PSB. Dependerá muito de como será o trato.
A aparente e intrigante fragilidade de Marina já mostrou que nada tem a ver com suas parcimoniosas decisões, que se revelam intuitivamente individualistas.
Basta lembrar que o Partido Verde, que lhe garantiu um espaço para arrancar 19 milhões votos nas eleições de 2010, continua do mesmo tamanho que tinha antes de Marina surgir como candidata-sensação. Ela entendeu logo que o seu capital é maior que qualquer partido, o que ficou provado com os seus 20% de intenções de voto para presidente que tinha em abril deste ano.
Portanto, os socialistas sabem que servirão de ponte para colocar os sonháticos no poder. A acreana partirá em voo solo tão logo tenha condições legais para isso.
Ainda assim, essa última tese, mesmo com todos os riscos, parece ser a melhor, pois a expectativa é que Marina mantenha sua votação de quatro anos atrás e ainda avance entre os comovidos pela tragédia que abateu Eduardo, podendo, com isso, chegar ao segundo turno.
Se o PSB se contentar com o papel de vice, agora e eventualmente depois, a decisão se tornará menos árdua.
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