Um adulto de 23 anos, durante uma festa com open bar no município de Bauru, em São Paulo, resolve encher a cara e, devido a sua inconsciência de entornar 25 doses de vodca, uma atrás da outra, sofre uma overdose de álcool, o que acaba por levá-lo à morte.
A repercussão do fato toma conta de todo o Brasil, e o Ministério Público da cidade onde tudo ocorreu, como lição de moral, ameaça pedir a proibição desse tipo de festa, em que, com o pagamento de uma taxa única, o frequentador tem o consumo liberado.
Como argumento ou maneira de dizer que está fazendo sua parte, o promotor em questão alega que o tipo de consumação com “passe livre” incentiva a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas.
A rapidez com que o MP se arma para casos como esses expõe o pensamento crônico e invasivo por parte de uma estrutura de Estado que já interfere demais na vida do cidadão, sendo causa, muito mais do que solução para seus problemas.
O álcool, como droga lícita, claro, deve ser desestimulado, mas quem deseja fazer uso dele tem o direito de fazer da forma que bem entende, desde que seu comportamento não prejudique e não interfira na vida de outras pessoas.
Tomar uma, nenhuma ou 25 doses, então, é decisão de caráter pessoal, portanto, não seria razoável por parte de um promotor ou de quem quer que seja dizer que deve ser proibido ou não.
Quem se habilita a participar de uma competição alcoólica, como foi o caso do estudante paulista, assume os riscos da atitude. Generalizar esse tipo de festa e carimbar quem participa delas é ficar no lugar-comum. Pedir o fim do open bar, como fez o MP, traduz uma interferência cada vez mais contumaz por parte das autoridades, que, na ausência de políticas públicas concretas, adotam a simples proibição, como se ela fosse capaz de eliminar os dilemas de nossa sociedade, no caso, o alcoolismo entre jovens.
Está aí o exemplo das drogas ilícitas. Tudo é proibido, mas as cracolândias, depois de dominarem as grandes cidades, avançam com velocidade pelo interior do país, sem que nada seja feito de efetivo por parte de quem deveria apresentar soluções e fiscalizar ações.
E as garras deste “Estado total” se expandem. Assim é com famosa Lei da Palmada. Também é com o esporte. No próximo domingo, Atlético e Cruzeiro vão se enfrentar mais uma vez. Novamente, por recomendação do Ministério Público e pela comodidade das polícias e dos políticos, será um jogo de uma torcida só.
Proibição pura e simples como caminho mais curto para dar uma falsa sensação de segurança à população, o que se repete na sugestão da promotoria de Bauru. Apenas serve de atestado de falência do Estado como instituição mantenedora da ordem pública. Vamos mal!
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