Eu, claro, não pus fé no Cássio quando, entre uma cerveja e outra, tocou no rádio do bar a música do grupo Tono “Samba do Blackberry”, e ele jurou conhecer um sujeito que trabalha na oficina perto da casa dele que foi vítima do que descreve a música: perdeu a namorada para o celular.
A música do Rafael Rocha e Alberto Continentino é muito boa, e a versão que tocava no bar era a gravada há pouco tempo pelo Ney Matogrosso. Para quem não conhece, de samba não tem nada, embora o carregue no nome. É uma versão tecnobrega bem paraense, com muito balanço.
O dito cujo, Cássio diz ter esquecido o nome, mas contou que ele é mais velho, daqueles turrões que ficam repetindo que não querem saber de celular, essas coisas. Foi arrumar uma namorada mais nova, deu no que deu. Como diz a letra: “De manhã, quando ainda penso em acordar/ Ela já está a dedilhar/ Mexendo feliz no seu novo brinquedo/ Eu não vou nem me comparar/ Não tenho como disputar/ Pois não mando e-mail/ Só mando desejo...”
O mecânico deve ter aturado o quanto pode. Até que apelou: “Vai ficar só no celular? Então escolhe, ou ele ou eu”. E ela preferiu o Blackberry.
Pedimos outra cerveja, comentamos que traição hoje é tecnológica, e eu me lembrei que nessa história de traição e música, não sobra só no amor, mas na amizade também. Vide o que conta Geraldo Pereira no samba de 1953, este de verdade, “Cabritada Malsucedida”, que ganhou bela versão recente de Luiz Melodia: “Bento fez anos/ E para almoçar me convidou/ Me disse que ia matar um cabrito. Onde tem cabrito eu tou/ E quando o ‘Comes e Bebe’ começou/ No melhor da cabritada/ A polícia e o dono do bicho chegou/ Puseram a gente sem culpa/ No carro de radiopatrulha e levaram/ Levaram também o cabrito/ E toda a bebida que tinha, quebraram...”
O cara te convida para uma cabritada e você precisa saber de onde veio a carne?!
Geraldo Pereira, da turma do samba do telecoteco, nasceu em Juiz de Fora e depois se mudou para o Rio de Janeiro, onde fez fama com suas composições, embora a profissão que exerceu tenha sido a de motorista do setor de limpeza urbana do Rio. Luiz Melodia se regozija ao cantar “Cabritada”.
E pensar que antes te prendiam por um pedaço de carne.
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