Se você acha que o melhor para o Brasil, no momento, é que Dilma saia da Presidência, posto que pensa que é dela a culpa por nosso estado de mazelas, pelo aumento de desemprego, pela falta d’água, pelo assalto de que foi vítima na rua e pela doença do seu cachorro, perceba que a petista não é quem manda. Quem manda é o PMDB.
Desde quando é o “maior partido do Brasil” quem dá as cartas no Planalto? Difícil precisar, talvez desde 1808. Piadas de lado, o peemedebismo transcende o próprio PMDB: ele é uma arte peculiar de relacionamento e imersão no poder, virtude que merece verbete de dicionário.
Um nobre tucano asseverou no passado que “não se governa sem o PMDB”. Como a sigla indica, o Movimento Democrático Brasileiro nasceu como oposição ao regime militar. Entretanto, outro PMDB – não de nome, mas de facto – estava ao lado dos generais, assim como se aliciara, antes, com JK, Getúlio, os marechais da República Velha, os Pedros imperiais e, por que não, dom João VI.
O PMDB é o governo sem rosto, é a “legião” de muitos, é a eminência parda palaciana, é o “ghost ruler”. Esse tipo de força adesista quantitativa e institucionalmente autointeressada existe como satélite onde há poder. Portanto, o PMDB é um fenômeno universal da política.
Curioso pensar que, no Brasil, só Sarney tenham chegado lá envergando as cores do movimento. A partir do governo Itamar – cujo líder no Congresso foi o peemedebista Pedro Simon –, a legião se dedica e se notabiliza no papel de coadjuvante imprescindível. Ele é a face obscura do nosso presidencialismo de coalizão com sabor de jabuticaba.
A sigla, nominalmente e não apenas como estilo, está instalada no poder central desde o primeiro dia de redemocratização. Além de Itamar, esteve de mãos dadas com FHC, Lula e, agora, está com Dilma. Não esteve com Collor, e deu no que deu. Atire a primeira pedra quem duvidar que essa galerinha não estaria com Aécio se tivesse sido o mineiro o eleito. Realmente, parece inconcebível pensar a governabilidade sem o partido e, inversamente, este sem sua nutrição permanente.
Esse empreendimento maciço governista e exitoso que é o PMDB vive realmente uma fase especial. Atingiu tal monta de patrimônio que as decisões são tomadas ou adiadas para que se não o desagrade. Em política, ser depositário de temor é esbanjar prestígio. Dos subsolos do Congresso e da Esplanada, os rostos de seus líderes se avultam. A força é tamanha que se permite ir além da coxia e ousar sob os holofotes.
As atuações de figuras como Renan, Cunha e Temer reacendem nos correligionários o desejo de candidatura própria em 2018. Será? Esse fincar de pés faz parte do jogo deles, que, ao sentirem o primeiro cheiro da mudança, com a fragrância do vencedor, debandam do palanque de espuma em nome da melhor negociata por mais capital. É a maneira de atuação mais confortável para se prosperar no mercado da política nacional, ou melhor, da política apenas.
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