O Palmeiras, com a faca e o queijo na mão para virar líder do Campeonato Brasileiro no próximo fim de semana, sentiu a pressão diante do Cruzeiro e empatou em casa. E, ao que tudo indica, o Verde vai ter que esperar um pouco mais para mostrar que segue na luta para fazer o Corinthians dar a maior “pipocada” de todos os tempos no Brasileirão de pontos corridos, termo usado pelo companheiro Cândido Henrique.
Após o empate em 2 a 2 na última segunda-feira com a Raposa, que tem todos os méritos nesse resultado, fiquei refletindo sobre uma condição natural entre as equipes desta edição do Brasileiro: não há um time sequer com alma de campeão na disputa. Zero.
Não existe o Flamengo da arrancada de 2009 comandado por Adriano e Petkovic, ou o dominante Cruzeiro de 2013 e 2014, um Fluminense bicampeão em três anos, ou o poderoso Corinthians de 2015. Talvez não exista nem mesmo um Atlético vice-campeão em 2012 e 2015, que apresentava qualidades e liderou o torneio, ainda que longe de casa fosse uma lástima e, por isso, não tenha merecido o troféu, conquistado por Flu e Timão, respectivamente. Talvez o de 2012 merecesse mais.
Ao contrário, temos um Corinthians maluco para entregar o troféu para o maior rival, que, por sua vez, só está na atual condição de luta pelo título graças à inexplicável queda de nível do alvinegro, que fez um primeiro turno de campeão absoluto e faz um returno de rebaixado. Abaixo, um Santos inexplicavelmente em terceiro, apresentando futebol fraco, chato e com trabalho inegavelmente ruim de Levir Culpi, demitido duas vezes.
Pouco depois, um Grêmio que claramente abriu mão do Nacional em preferência pela Copa Libertadores —, mas que também não tem nada garantido em uma final contra um argentino —, um Cruzeiro “satisfeito” com seu troféu já conquistado, um Flamengo decepcionante ao extremo pelo investimento feito e um Botafogo que, pelo elenco que tem, já está em um lugar satisfatório.
O restante não briga por quase nada, até porque, nessa fórmula de 2017, praticamente basta não estar entre os rebaixados para se classificar a alguma coisa no ano que vem. Absurdo.
O reflexo disso é que também não há um craque absoluto na liga. Quem é o jogador que podemos apontar como o grande nome da competição? Em minha visão, Luan é o melhor jogador no Brasil, mas, pela lesão e pelo desinteresse tricolor no Nacional, não fez um bom torneio. Jô, artilheiro do Corinthians e um dos poucos regulares no segundo turno, também não poderá ser eleito se seu time entregar o troféu. O Palmeiras não tem esse jogador, e o Santos, menos ainda.
Seria ele Hernanes, o grande nome do esperado afastamento do rebaixamento pelo São Paulo? O detalhe é que ele estreou no fim de julho, mas tem participação fundamental na mudança de cenário. Em outros anos, talvez não fosse o suficiente.
Uma certeza: o Brasileirão, que deveria ser encarado como o principal objetivo de todos por aqui, ficou em segundo plano neste ano, ou pelos objetivos divididos de boa parte dos times, ou pelo baixo nível técnico. Uma pena.
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