Encontrando-me com uma velha amiga, tomei conhecimento de que sua mãe, estimadíssima por todos, passa por um tratamento quimioterápico. Mais um dos vários casos de cânceres de mama que, de uma maneira ou outra, cruzam meu caminho. No momento em que escrevo esta crônica, registro duas outras amigas na mesma situação. Cada uma delas enfrentando, a sua maneira, essa difícil batalha. Descoberta ainda no início, a doença vem perdendo força, enquanto elas, corajosas na luta, vêm dando a volta por cima.
Há seis anos, perdi, para o câncer de mama, uma grande amiga.
É estranho falar “amiga”, quando, na verdade, ela era meu complemento. Parte de minha infância... adolescência... juventude e maturidade, que, numa manhã de maio, serenamente se foi. O estranho é que ela já sabia. Um ano antes, contou-me o que leu entre estrelas e planetas. Adorava estudar essas coisas. Assim, entendeu seu destino aos 44 anos. Forte, equilibrada, nunca foi de entregar os pontos. Nos piores momentos, não se abalava, nem a proximidade do ocaso tirou-lhe o sorriso, a firmeza madura. Nunca reclamou, nenhuma palavra de revolta, indignação, nada. Aceitou tudo com incrível serenidade.
Lembrar-me-ei sempre dela carregada de sorrisos luminosos – sua marca registrada. E foi com satisfação que fui uma das madrinhas do Programa Estadual de Controle do Câncer de Mama. Segundo tipo mais frequente no mundo, esse câncer é também o mais comum entre as mulheres, e o diagnóstico precoce é um grande aliado na conquista da cura. Daí a importância da mamografia, o exame mais indicado, por poder identificar tumores em estágio inicial, quando as lesões são ainda pequenas e pouco perceptíveis ao toque.
São muitos os fatores de riscos, e a idade é um dos principais. O aumento da densidade mamária, detectado por meio da mamografia, e o histórico de câncer de mama em parentes de primeiro grau, ou seja, na mães ou em irmãs, também devem ser levados em consideração.
Reduzir a mortalidade causada pela doença é a meta da Secretaria da Saúde, que oferece o exame às mulheres de 45 a 69 anos, agilizando, quando necessário, o início do tratamento.
Os exames são feitos não apenas nos grandes centros urbanos, mas também em regiões onde o acesso a eles é difícil, por meio de Unidades Móveis de Mamografia. Criadas no governo Anastasia, essas unidades percorrem lugares longínquos do Estado. Lá, nos rincões, onde as dificuldades estão presentes em todos os sentidos, e as mulheres, normalmente os pilares das famílias, sofrem e padecem de um mal que, muitas vezes, nem sequer sabem do que se trata.
A batalha é grande, e enfrentá-la com objetividade torna as lutas mais leves, mais promissoras e, muitas vezes, vencedoras.
Se possível, além da mamografia, sugiro às mulheres que façam um ultrassom das mamas. Duas de minhas amigas (uma delas com menos de 30 anos) só detectaram o problema após esse tipo de exame. E hoje, com a graça de Deus e o avanço da medicina, estão ótimas, trabalhando e tocando suas vidas. O autoexame é importante, mas não contem somente com ele. Quando percebemos, através do toque, algum carocinho, o tumor pode já estar em estado avançado. Uma vez por ano, faço mamografia e ultrassom, pois sei que o diagnóstico precoce é o nosso maior aliado para a cura.
Enfim, precisamos afirmar a necessidade de um compromisso com a vida, compromisso com a diminuição das angústias e dos sofrimentos silenciosos, aqueles que não aparecem na mídia, fogem às estatísticas e podam existências que ainda teriam muito sentido para continuar.