A rádio Super Notícia FM está no ar há quase cinco meses. Desde então, tenho tido a oportunidade de retornar aos microfones nas partidas de futebol e nos programas esportivos da emissora – o que faz com que os meus sonhos e objetivos traçados ainda na faculdade estejam mais vivos do que nunca.
Hoje, peço licença, no entanto, para falar de outra emissora de rádio. Um local que me abraçou há cinco anos, que me deu grandes oportunidades e abriu portas para que eu pudesse me descobrir como profissional. Além disso, colaborou muito com meu crescimento pessoal.
Ao longo de seus 80 anos, a rádio Inconfidência foi a casa de grandes jornalistas, inclusive de muitos que estão hoje na Super Notícia, como Osvaldo Reis e Helenice Laguardia. Dos iniciantes, João Vítor Cirilo foi outro a ter uma oportunidade por lá, e, hoje, é mais um a agregar a nossa equipe.
Na última terça-feira, a Inconfidência fez história. A partida entre América e ABC, pela Série B do Campeonato Brasileiro, foi narrada por Isabelly Morais, estudante de 20 anos, que faz parte do quadro de estagiários da editoria de esportes da rádio. Essa foi a primeira narração de uma mulher no rádio mineiro, o que por si só já é um grande feito.
Conversei com a Isabelly algumas horas antes da partida e sou capaz de afirmar que a tranquilidade dela estava me matando de nervoso. Com alguns anos a mais de jornalismo e de idade do que ela, posso afirmar que não teria coragem de aceitar um desafio desse tamanho aos 20 anos. E explico o porquê desta certeza toda.
O responsável pela editoria de esportes da Inconfidência atende pelo nome de José Augusto Toscano, um dos seres humanos mais incríveis que eu tive a oportunidade de conhecer e conviver. Sabe aquele grande paizão? Aquele cara que te dá uma bronca, mas que também te dá o ombro e os ouvidos para te confortar nos momentos de insegurança, e para te ouvir em seus dilemas – tanto os profissionais como os pessoais? Esse é o Toscano. Por mim, carinhosamente chamado de Tosca.
Fui estagiária da Inconfidência entre 2012 e 2013. Lá atrás, o Toscano já manifestava essa vontade ter uma narradora na equipe. Ele tentou me convencer desta ideia algumas vezes, mas, além de não levar jeito para a coisa, eu não tinha aos 20 anos essa coragem toda da Isabelly.
Em um momento tão turbulento de intolerância em que vivemos, no qual as pessoas cada vez mais atacam as outras a troco de nada, ver a Isabelly encarar esse desafio cheia de motivação e de coragem me deixa impactada e cheia de orgulho.
Nossa profissão carece, urgentemente, de mais Toscanos e Isabellys. Precisa de pessoas que acreditem no potencial das outras e lhe dê a primeira chance, ou de uma menina que veio do interior tentar a vida na capital e que se dedica muito à profissão que escolheu.
A vida é um constante aprendizado, e tenho certeza que só pela coragem e determinação, a última terça-feira foi só o primeiro dos inúmeros grandes dias que a Isabelly Morais terá em sua carreira. A vocês dois, Toscano e Isabelly, todo o meu carinho e orgulho.