Foram tantos filmes bons indicados ao Oscar 2015 que a premiação já passou e eu não consigo parar de falar deles. Numa noite chuvosa, fui ao cinema assistir ao “Sniper Americano” – indicado em seis categorias e vencedor do Oscar de Melhor Edição de Som –, com algumas ressalvas, porque, sinceramente, não gosto de filme de guerra; juro que não entendi quando, em 2010, o filme “Guerra ao Terror” ganhou o Oscar de Melhor Filme. Mas esse “Sniper” era diferente. Logo de cara, ele já tinha um diferencial que me ganhou instantaneamente: a direção é de Clint Eastwood, e qualquer coisa em que esse homem põe a mão é valiosa! Outro ponto positivo: o protagonista é Bradley Cooper. Indicado ao prêmio de Melhor Ator pelo terceiro ano consecutivo, todo mundo dizia que ele estava ótimo em cena. E está mesmo! Outro detalhe que chama a atenção é que a história do filme, que já bateu recordes de bilheteria nos EUA, ainda é recente. Chris Kyle (Cooper) é um atirador de elite das forças especiais da marinha norte-americana. Em dez anos (1999-2009), Chris tornou-se uma lenda, tendo assassinado mais de 160 pessoas durante o tempo em que serviu no Iraque. Como atirador, sua única missão era proteger seus companheiros, o que o afastava cada vez mais de sua mulher Taya (Sienna Miller) e de seus filhos. E é aí que surge o clima “tenso”, o melhor adjetivo para definir o filme.
Tudo bem que a produção carrega tudo aquilo que um longa pós-11 de Setembro pode carregar: completamente patriota, só mostra a visão norte-americana da guerra, trata os iraquianos como insanos e selvagens, endeusa o atirador matador como um grande herói e é quase cego do ponto de vista da política internacional. Mas o foco não é esse. Definitivamente. O diretor cria cenas angustiantes (quem gosta de videogame de guerra vai amar), e não há um espectador que não sofra com o personagem quando ele tem imensa dificuldade na decisão de atirar em alguém ou quando ele volta dos turnos da guerra, reencontra a mulher e os filhos e não consegue se adaptar à vida familiar, tamanho o trauma deixado pelos dias de sangue no Iraque.
Aliás, essa é a questão que mais me martelou durante filme. Não sei se foi pela atuação fantástica de Bradley Cooper (tanto nas cenas de ação quanto nos momentos dramáticos) ou, talvez, porque fiquei me colocando no lugar dele. Como você agiria, sabendo que é uma peça-chave para o seu país numa guerra e tendo que escolher entre ir lutar ou cuidar de sua família? É normal quase pirar, ainda mais depois de tantas mortes. O tempo passa, seus filhos crescem, sua saudosa mulher tem que fazer tudo sozinha, e, quando você volta para eles, ninguém tira a paranoia de que você é essencial no campo de guerra. Isso sem contar a desconfiança de tudo e de todos ao seu redor, no retorno a sua pacata vida normal. Difícil, né? O difícil nisso tudo é sustentar a sua cabeça. Não há nada no mundo mais complicado do que guiar a nossa mente. Complicado é bem diferente de impossível, porque, se não fosse algo possível, não existiriam multiplicidades de caminhos a seguir. E, cá entre nós, é muito mais fácil descer ladeira abaixo do que subir os altos degraus que a vida nos dá. Trazendo para o nosso dia a dia, qual de nós não precisou de uma atenção especial, quase que uma guerra interior, para vencer uma barreira rotineira ou decidir se vai matar ou não aquele leão diário. Você não precisa ir até o Iraque para voltar como um mártir. Te garanto que a força e a coragem que você usaria numa viagem dessas se transformariam facilmente em valentia e ousadia para viver em paz com você e com aqueles que te rodeiam. Hoje e sempre, é só ser o herói de você mesmo!
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