Desde criança, sempre gostei muito da cerimônia do Oscar. Meu sonho era ir lá, mas o que podia era assistir a pequenos pedaços na noite de exibição, ou até no outro dia, mesmo porque sempre termina muito tarde, né?! Porém, nunca, em toda minha vida de cinéfilo, tinha dedicado o tempo integral para assistir ao evento por inteiro, desde a entrada das estrelas pelo tapete vermelho até a subida dos créditos na despedida do apresentador da vez. Neste ano, como me envolvi bastante com os indicados e vi quase todos, resolvi fazer algo diferente.
Estava ansioso antes de começar o evento. A esguia repórter fazia perguntas a Naomi Wats ou a Channing Tatum, e eu só pensava na estatueta. O vestido de Gwyneth Paltrow tinha uma flor gigante, Lady Gaga entrava com luvas vermelhas de limpeza e Jennifer Lopez tinha a mesma roupa de princesa que uma outra atriz, e eu não estava nem aí. Parecia que eu estava concorrendo a um prêmio. O apresentador Neil Patrick Harris fez história ao iniciar a festa com um musical, ao lado de Anna Kendrick e Jack Black, e, por mais fantástico que tivesse sido, queria um controle remoto para acelerar todo o processo. Acelero por aqui, então: o maior vencedor da noite foi o filme “Birdman (Ou a Inesperada Virtude da Ignorância)”, que estraçalhou “Boyhood” e ganhou nas categorias de Melhor Filme, Roteiro Original, Fotografia e Direção, para o mexicano Alejandro González Iñárritu.
Quem sou eu para discordar de algo definido pela academia ou pela galera que pensa e respira cinema há tantos e tantos anos. Mas, se estou aqui escrevendo, é sinal de que posso emitir minha simplória e humilde opinião. “Birdman” merecia se destacar, sim (tanto que eu apostava nele como Melhor Filme), mas o diretor de “Boyhood”, Richard Linklater, que trouxe um projeto inédito para o cinema, filmando por 12 anos a vida de um jovem, faria jus ao topo. O filme dele não passou batido. Patricia Arquette levou a estatueta de Atriz Coadjuvante, o único Oscar de “Boyhood”. Poxa, achei pouco.
Julianne Moore levou o troféu de Melhor Atriz, por “Para Sempre Alice”, e J.K. Simons foi o Melhor Ator Coadjuvante, por “Whiplash”. Não tem nem o que dizer: a entrega de ambos em cena é digna de Oscar. A de Eddie Redmayne, que venceu como Melhor Ator, por “A Teoria de Tudo”, também é. Mas não é por nada, não. Se Michael Keaton não ganhou esse prêmio fazendo o papel de um ex-super-herói, que é o retrato da vida dele na vida real, não ganha mais nada, coitado! Fiquei com dó, porque ele merecia mais, entende? Pela bagagem cinematográfica, pelo conjunto da obra e pelo envolvimento do velho ator com o personagem heroico. Pairou como um sonho pra ele. Desperdiçaram uma grande homenagem.
O outro destaque da premiação foi “O Grande Hotel Budapeste”. Também foram quatro estatuetas em categorias mais técnicas: Trilha Sonora, Design de Produção, Maquiagem e Figurino. Indiscutíveis! Se pudesse, eu viveria com a trilha, o design, a maquiagem e o figurino do filme. O enquadramento, então, nem se fala. Já que não tem jeito, continuo vivendo isso só nos sonhos!
Sonho foi essa cerimônia por inteiro. Eram 2h da manhã, e o que eu queria era mais. Discursos engajados pelos direitos das mulheres, dos negros e dos gays não faltaram. Belas apresentações musicais também não. Mas o mais importante é que estava à vontade para acompanhar e comentar tudo. Tá vendo? Me senti o próprio saudoso José Wilker na Globo. Eu me achando o crítico, imaginando que minha opinião vale algo. É, eu sei... O que vale é sonhar!
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