Bem-vindo o Carnaval. Não apenas pelos festejos, pela alegria da mais democrática das festas do nosso calendário e pelo que lucram escolas de samba, bares, hotéis, as empresas organizadoras de eventos; lucram também políticos que só conseguem ter algum lugar ao sol porque chamam os holofotes para suas fantasias ou revelam sua única capacidade de liderança, que é quando estão à frente de blocos da folia. Carnaval vem e passa, graças a Deus, porque – e isso, sim, é importantíssimo – já virou regra que o Brasil só começa a funcionar depois que ele, o Carnaval, ocorre. É um marco.
Nesses dois meses de 2017, os fatos que ocuparam a imprensa e o dia a dia da sociedade estiveram quase sempre relacionados a prisões, delações, ocupação de Bangu 1,2,5, e haja mais Bangus para serem povoados.
Também prefeitos e vereadores tomaram posse no comando de suas tão desejadas prefeituras e câmaras municipais e, assim, tomaram conhecimento de que seus projetos e a vontade de muitos de fazer históricas transformações em suas cidades ficarão no sonho e nas promessas. Descobriram que a farinha é pouca para a fome de pirão.
A operação Lava Jato, por mais que esteja fazendo seu papel de desconstrução de falsos mitos, expondo bandalheiras, conluios, furtos, roubos e fraudes, prendendo e mantendo em penitenciárias políticos e empresários nunca imaginados atrás das grades, precisa ser ainda mais reforçada com o acompanhamento e a vigília da sociedade para que não se forjem manobras num Congresso que tem suas principais ações lideradas e influenciadas por bandidos travestidos de deputados e senadores. Há algumas exceções, claro, como em tudo na vida. Mas, no caso, poucas.
O Brasil atual sofre pela extensão do dano gerado pelo populismo, pela adoção de políticas de pão e circo, pela irresponsabilidade nos gastos da gestão pública em dimensão nacional, pela farra da contratação de assessores, pela compra da opinião pública por meio do mau serviço de setores da imprensa que se vendem descaradamente e, especialmente, pela democratização da corrupção. Essa conjugação gerou o fechamento de mais de 220 mil empresas no país, ao lado de um desemprego histórico que destinou à miséria quase 13 milhões de trabalhadores. Sofre a nação, também, de uma estúpida e imoral relação com os bancos, que se exercem impunes como agiotas para tomar, moeda por moeda, o que ainda restou dos que vão ao calvário que dominam. Nenhuma voz se levanta contra a criminosa atividade dos bancos no Brasil, e não será nesse governo de sabujos que essa voz surgirá.
Essa é a página que precisa ser virada. Enquanto isso não ocorre, que venha e vá o Carnaval para que, pelo menos, os que restaram empregados comecem a trabalhar.
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