O balanço das campanhas desse ano, quando terminarem as eleições, servirá para muita coisa, mas muito menos do que deveriam proporcionar, que é difundir propostas, programas dos partidos e o perfil dos candidatos. Servirá para admitirmos definitivamente, por exemplo, que o modelo de representação política pelos partidos no Brasil é uma farsa, porque permite que meia-dúzia de espertos se juntem e formem uma estrutura oficial, com nome, cara, endereço e CNPJ própria e na medida para ser usada para criar dificuldades, para ter tribuna, para negociar cargos e apoios, para receber e usar, sem prestar contas, recursos públicos do Fundo Partidário, para extorquir, para empregar parentes e amigos e para muito mais coisas que ninguém de bem deseja.
Servirá para acelerarmos a luta que todo brasileiro deveria empreender todos os dias pela privatização de tudo que nesse país tem a colher da União, dos Estados e dos municípios que não seja a obrigação essencial e constitucional do ente público de garantir o atendimento decente, universal, de qualidade à população com a oferta de serviços e programas dignos na educação, na saúde, na segurança, no funcionamento equânime e rigoroso dos poderes do Estado. Sem que esse mesmo Estado, seja abrigo da incompetência, da ineficiência, da burocracia estúpida, sede do nepotismo e onde nascem e prosperam todas as formas de corrupção, de desmandos, de favores indevidos, de concessões pelas quais pagam os contribuintes e perde a sociedade.</CW>
Servirá para se rever a tão propalada e discutida política de cotas, através da concessão desmedida e não fiscalizada de bolsas, de ingressos daqueles que se consideram não amparados pelo Estado e que formam o que sempre chamam de vergonha histórica da nação pelo não acesso dessas parcelas da população ao desenvolvimento social. Tais concessões têm que trazer junto à sua concepção uma forma de não se eternizarem como esmola, mas sempre que possibilitem a segura mobilidade social através do exercício do trabalho, do esforço, da participação, da incorporação de valores, de metas e compromissos.
Servirá para entendermos que não basta que elejamos presidentes da República, governadores e prefeitos decentes, probos e éticos se nossa consciência como cidadãos não tiver autoridade moral para assim cobrarmos de nossos mandatários, e exigirmos sem reservas ou concessões ou desvios de interpretação que ao homem público cabe sem favor ser justo, honesto e que tenha o interesse coletivo como único destino de suas propostas e ações.
Servirá para repensarmos nossos formatos de representação política, porque o que temos vigente está amplamente falido; de participação da sociedade nas decisões que nos afetam, porque há muito vivemos da mentira do que somos, de como influímos, mudamos ou conservamos, como povo que vota, paga impostos, gera riqueza com seu trabalho ou capital, tem direitos e deveres.
Enfim, servirá para muito se tivermos consciência do nosso papel, se quisermos mudar alguma coisa. Se não for assim, esse momento não servirá, mas, sim, serviria. E aí não teremos qualquer autoridade para exigirmos as mudanças que tanto desejamos e precisamos.
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