Enquanto os caciques dos principais partidos se debruçam sobre as opções presidenciais de 2018, a população vai dando suas dicas. Se os líderes partidários não entenderam o recado das urnas em 2016, as eleições que ocorrem no próximo ano podem se tornar um verdadeiro pesadelo para os grandes partidos. O motivo é simples: a paciência do eleitor com a política tradicional parece ter se esgotado.
Assim, chamou a atenção a pesquisa do Instituto Paraná que aponta pela primeira vez o nome do prefeito de São Paulo como presidenciável. A sondagem, estimulada, coloca João Doria (PSDB) com 9,1% das intenções de voto. Ele pontua melhor do que as estrelas do seu partido e mostra um claro movimento do eleitorado.
Os brasileiros estão cansados da política tradicional. Os nomes de sempre não empolgam mais os eleitores. As revelações da operação Lava Jato potencializam esse sentimento de repulsa e aversão pelos políticos. O eleitorado procura aquele que não se apresentará como político, mas como um elemento de fora do sistema habitual.
Doria entendeu esse movimento e venceu a eleição para prefeito de São Paulo. Contudo, foi além. Quando passou a governar, continuou na mesma linha, o que tem feito seu nome crescer e tornar-se uma opção viável do tucanato para 2018. Sua cartilha agrada a população: redução de despesas com aluguéis, contratos e cortes de cargos comissionados. Leilão de carros da prefeitura. Doação do salário do prefeito para entidades assistenciais e multa para secretários municipais que se atrasarem para reuniões. Os paulistanos aplaudem.
Essas são apenas algumas atitudes que estão chamando a atenção da população e catapultando o nome de Doria nacionalmente. O fator Doria será determinante nas eleições de 2018. Não refiro ao prefeito em si, mas ao seu estilo. Aqueles que entenderem sua estratégia estarão em situação de vantagem nas próximas disputas eleitorais. Veremos muitos nomes novos no parlamentos e nos governos estaduais. Um onda de renovação está chegando.
Se somarmos isso ao estrago que a Lava Jato pode causar nos políticos atuais, veremos uma grande de dança de cadeiras em Brasília em breve. No Senado, por exemplo, o PT precisará renovar oito de sua bancada de dez parlamentares. Enquanto isso, o PMDB terá que renovar o mandato dos seus principais cardeais, a maioria enrolada com as investigações que vêm de Curitiba.
Portanto, prepare seu coração. Enquanto os políticos buscam se blindar da Lava Jato com medidas votadas na calada da noite, o verdadeiro troco pode vir em 2018, quando o eleitor terá a grande chance de renovar profundamente a política. O fator Doria, com seu novo jeito de fazer política, será elemento fundamental nesse jogo. A conferir.