O cumprimento dos ritos processuais, conforme exigência constitucional de respeito ao direito de defesa, tem sido impecável. Talvez o andamento do impeachment pudesse ter sido mais expedito, para alívio de uma nação atormentada por crimes contra os brasileiros, que vinham sendo cometidos há muito tempo por uma poderosa e inescrupulosa gangue de bandidos.
Tal organização tinha de tudo do espectro tétrico de que se revestiram a sociedade civil e a mais alta cúpula dos órgãos estatais do país, de tal sorte que não seria atitude precipitada apostar que a impunidade estava destinada a grassar por todos os cantos. Sempre foi assim, e não havia motivo novo para acreditar que o poder iria opor-se à justiça e esta seria massacrada.
Evocar o mensalão seria pura ingenuidade. Naquele caso, não apenas as penas aplicadas foram leves, principalmente para os grandes, mas também quantos deixaram de ir para o banco dos réu. Esse era o Brasil de todos os tempos, e não seria agora que a prisão seria destinada apenas aos pequenos. Contudo, ainda não era do conhecimento público que os ventos estavam mudando, por meio da formação de um grupo interdisciplinar coordenado por um juiz de primeira instância corajoso e consciente de seus deveres para com sua pátria.
Assumindo o comando desses verdadeiros 300 de Gedeão, constituídos por membros do Ministério Público Federal e outros tantos integrantes da Polícia Federal, não temeram, antes provocaram deuses furiosos que saquearam patrimônios pertencentes ao povo brasileiro, e se expuseram à fúria dos poderosos dos mais altos escalões da esfera pública. Nada recearam. Sacrificaram a tranquilidade de suas mulheres, seus filhos, pais e amigos. À sanha e perseguição dos desviados da lei, responderam com o primado da norma jurídica. E assim servem, pela ação e pelo exemplo, arriscando as próprias vidas e as de seus mais queridos.
“De onde vêm esses heróis? Das Termópilas? Não, os gregos não eram tão grandes como eles. Para onde vão? Para a morte?” Eventualmente oferecem as vidas em troca do prêmio da paz da consciência exemplarmente cumprida. Talvez para a morte pelo bem-estar de seus inumeráveis irmãos.
Nesta altura dos acontecimentos, relembro Fernando Henrique Cardoso: “Temo, especialmente, duas coisas: havermos perdido o rumo da história e o fato de a liderança nacional não perceber que a crise que se avizinha não é corriqueira” – a desconfiança não é só da economia, é do sistema político como um todo.
“Ao entrar na madeira, o cupim é invisível; quando percebido, a madeira já apodreceu”. Há quanto tempo tal se deu? Por quantos anos apodreceu o Brasil, desde a Presidência da República até os escaninhos mais recônditos? Após os sucessos que já vieram à tona, quantos mais ainda surgirão para golpear a boa-fé dos que acreditaram no lulopetismo? Só sabemos que não se acabará de todo o mal que fizeram. Sempre restará, por mais exemplar que seja a punição, alguma semente a germinar o solo enquanto não se combater a daninha mentalidade petista de nossas plagas.
E ainda vem a sra. Dilma com essa ridícula “Mensagem ao Senado Federal e ao Povo Brasileiro”, que lhe reflete a cegueira intelectual e política e o espírito totalitário que bem me lembra, este último, cenas inesquecíveis do genial cineasta Charles Chaplin em “O Grande Ditador”.
Nunca será tarde demais para esquecer a figura tosca de dona Dilma. Assim seja para que o Brasil se limpe da inédita sujeira com que o conspurcaram.