Se fosse possível dissociar a política do futebol, teríamos condições de vislumbrar um grande avanço no futebol brasileiro. Teríamos, mas isso não vai acontecer.
A politicagem fez morada nas federações e confederações, e interesses não esportivos dominam a mente dos que mandam.
O senhor Rubens Lopes, por exemplo, presidente da federação do Rio de Janeiro, ficou os últimos três meses tentando de tudo para impedir a realização da Primeira Liga, ao invés de cuidar do Campeonato Carioca, que está em uma penúria lamentável.
Na primeira rodada, três jogos tiveram menos de mil torcedores em campo. Botafogo e Fluminense jogaram para pouco mais de mil pagantes. O torcedor do Rio de Janeiro já não acredita mais nas promessas fantasiosas dos dirigentes.
No futebol mineiro, a situação é um pouco melhor. Os cinco jogos da primeira rodada levaram 36.764 torcedores aos estádios. Atlético e Cruzeiro jogaram para um público de aproximadamente 15 mil pessoas. Houve dois jogos com mais de mil torcedores e o Villa Nova levou 2.286 pessoas ao Castor Cifuentes. Uma média de 6.000 por jogo.
Ainda é pouco para a importância que a mídia tenta dar ao nosso Estadual. Tamanho desinteresse do torcedor só dá munição para os que defendem o fim dos estaduais nos grandes centros.
Na moda. Uma prova de que os dirigentes dos grandes clubes não acompanham o que se passa no interior vem do Tombense. O lateral Paulo Otávio jogou muita bola contra o Villa Nova e também contra o Cruzeiro. Tem vaga, fácil, no Atlético, América e Cruzeiro. Com essa escassez de bons jogadores e cofres vazios, a solução vem da base ou do interior. Isso é básico, mas o modismo do momento é o exterior.
Lição. Confesso que fiquei na dúvida se a goleada do Guarani, em Divinópolis, foi fruto de um bom elenco bugrino ou da fragilidade do América. Time grande, de Primeira Divisão, ser goleado no interior é mal sinal. O Coelho não se acerta. É oito ou 80. O América precisa se fazer respeitado pelos pequenos. Se tem jogo para aprender algo, esse de ontem foi um deles.
Incoerência. Por vezes fico pensando na facilidade que dirigentes têm em mudar de opinião. Até por isso surgiu a máxima de que “no futebol não tem verdade que dure 24 horas”. No final de 2015, o pessoal do Cruzeiro disse que seriam feitas “umas três contratações pontuais”. Já foram oito e outras mais ainda podem acontecer.
Quem será? O torcedor atleticano continua esperando pela tal “cereja do bolo”. Vários nomes de bons jogadores foram cogitados e, nas últimas horas, ganhou força o de Robinho. A diretoria nada diz sobre essa última contratação, o que só faz aumentar a especulação da imprensa e da torcida. O dinheiro está entrando, mas precisa ter um destino responsável.