Partido político é uma organização da sociedade com características singulares e únicas. Não é clube de futebol, escola de samba ou associação filatélica. É uma ferramenta vocacionada para a organização política de pessoas que têm propósitos comuns e visões de mundo semelhantes. Tem como objetivo final a conquista do poder para a execução de seu programa de governo baseado nos valores que o orientam e na visão estratégica que defende.
O partido político tem sempre um dilema essencial em momentos de crise: defender seus estreitos interesses eleitorais imediatos ou pensar no interesse público e nacional?
Na última segunda-feira, 12 de junho, reunimos senadores, deputados, membros da executiva nacional, os governadores Geraldo Alckmin, Simão Jatene, Marconi Perillo e Beto Richa, os prefeitos João Doria e Arthur Virgílio, entre outros, e os ministros Aloysio Nunes Ferreira, Antônio Imbassahy, Bruno Araújo e Luislinda Valois. Foram mais de cinco horas de um debate franco e qualificado sobre a complexa conjuntura nacional. Todos puderam falar a favor ou contra o desembarque do governo Temer.
É evidente que a crise é grave, o ambiente, instável, e a situação, delicada. A maioria optou, neste momento, pela permanência de nossa participação no governo e pela reafirmação de nosso apoio parlamentar ao programa de reformas e modernização da economia, como tradução de nosso compromisso com o combate à recessão e ao desemprego. Foi uma derivação lógica e coerente de nosso protagonismo no impeachment e do programa de governo de 15 pontos proposto pelo PSDB e aceito e implementado pelo presidente Temer.
Só três motivos seriam plausíveis para o rompimento. Traição programática, o que definitivamente não ocorreu, ao contrário. Falta de popularidade, o que caracterizaria o mais raso dos oportunismos, já que as pesquisas estariam substituindo convicções e interesses maiores. Por último, a condenação moral e ética do presidente e seu governo. Ora, o presidente Temer não foi sequer indiciado. É importante um combate sem tréguas à corrupção, mas sempre dentro dos princípios fundamentais do Estado de direito. É preciso garantir o amplo direito de defesa e só condenar quando a certeza for dada por evidências e provas materiais.
Quem ganharia com o rompimento? A economia e as reformas? O combate ao desemprego e a estabilidade política? Ou aqueles que querem a judicialização e a criminalização da política e as oposições que querem acumular forças para as eleições futuras?
O PSDB mais uma vez refutou o caminho fácil da demagogia e do populismo e escolheu o caminho complexo da recuperação consistente de um país que se encontrava à beira do abismo. O salvacionismo de supostos salvadores da pátria já mostrou que é um atalho que conduz ao fracasso. Em 2018, nos encontraremos nas urnas com nosso destino, e há de ser um caminho sólido de reinvenção da política como instrumento de reconstrução do país, da República e da democracia.
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