A decisão dos promotores de denunciar Lula e seu acatamento por parte do juiz Sergio Moro puseram a operação Lava Jato em um patamar jamais imaginado. Caso fosse a escalada do Everest, a operação Lava Jato estaria subindo sua última etapa na primeira instância.
Considerando-se o que foi dito (e o que não foi), Lula dificilmente escapará de uma condenação pesada. Não faltam motivos e motivações. Ainda que, per se, a questão do triplex seja de menor relevância e não deva dar em nada. Afinal, o imóvel não está em nome de Lula nem de seus familiares.
No entanto, ao pôr Lula ao alcance da cadeia, a operação Lava Jato está mexendo com sentimentos muito perigosos na sociedade. Não que isso sirva de desestímulo, e sim de alerta. A forma de fazer política do PT e de seus aliados embutia comportamentos que simulavam apreço pela democracia, mas encobriam atitudes de grupos clandestinos.
Por isso não se deve estranhar quando Ciro Gomes propõe que resgatem Lula e o levem para uma embaixada. Já o senador Jorge Viana (PT-AC) vai além: propõe que ocorra um conflito aberto de Lula com a Justiça, de forma a transformá-lo em um mártir político. Lula insiste na tese de ser o homem mais honesto do planeta.
A morte de Celso Daniel, ex-prefeito de Santo André, é um desses episódios em que o lado obscuro do PT prevaleceu. No poder, essas práticas continuaram. Pelo simples fato de que os fins justificam os meios. Corromper, subornar, mentir e omitir fazia parte de um projeto de poder. Na linha do que disse, um dia, o político britânico Benjamin Disraeli: danem-se os princípios, o que interessa é o partido.
Até agora, todos os envolvidos, e que serão severamente punidos, tais como José Dirceu, João Vaccari Neto, André Vargas e alguns outros peixes miúdos, representavam o entorno do PT. Com a chegada de Lula, a questão muda de proporção. Ele é a viga mestre do projeto de poder. Lula é o passado e o futuro. Sem ele, a federação de esquerdistas que se agruparem, como em um festival de culturas alternativas, em torno do PT, perde o sentido.
Sua situação agravou-se com os outros dois pedidos de prisão dos ex-ministros Guido Mantega e Antonio Palocci, ícones da era petista hoje alvo de pesadas acusações de corrupção. A iniciativa sinalizou que a possível punição do ex-presidente Lula não só está próxima, uma notícia que estressa o cenário político, como é perfeitamente possível.
Não há mais Olimpíadas, férias do Poder Judiciário nem agendas-surpresa para amortecer a atenção da opinião pública. O governo já definiu que neste ano concentrará seu esforço na aprovação da PEC que limita os gastos públicos.
A única questão aberta, mais do que nunca, é o tamanho do impacto que as ações da Lava Jato terão sobre a política de conciliação do presidente Michel Temer. A base dessa política são as medidas econômicas para equilibrar a situação fiscal.
Delações, novas revelações-bomba, prisões e desarranjo na base aliada do governo são obviamente adversários desse processo. Perturbam o caminho da superação, sujeito a acidentes, como a advertência do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, antecipando nova etapa da operação Lava Jato, o que acabou se confirmando.
Já é possível antever no horizonte alguns pontos positivos na retomada do ambiente de negócios, na recuperação da economia, na confiança, enfim, sequestrada no governo anterior. Mas, em relação às cartas que representam o Ministério Público e o Judiciário, não se consegue sair do enigma. A prisão de Lula é o código fechado que une todos os demais.
Lava Jato atravessa campo minado com denúncia contra Lula
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