De repente, a maionese da cúpula dos mais recentes e poderosos “heróis do Brasil” parece ter desandado. Logo às vésperas de o enterro político da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) ser consumado, a harmonia entre alguns de seus principais algozes – o juiz Sergio Moro, os procuradores da Lava Jato e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes – sofreu um abalo.
Gilmar Mendes, até outro dia defensor contumaz da “República de Curitiba”, a ponto de legitimar arbitrariedades e atropelos da lei (o caso do grampo entre o ex-presidente Lula e Dilma é o mais famoso deles), agora se mostra indignado com os arroubos de justiceiros da turma de Moro e Deltan Dallagnol – dois dos nomes e rostos mais conhecidos e idolatrados da equipe responsável pelas investigação e pelo julgamento das ações referentes à Lava Jato.
O ministro do STF é um encrenqueiro conhecido e vaidoso. Já brigou ao vivo durante sessão da Corte, por exemplo, com o ex-ministro Joaquim Barbosa, com direito a troca de ofensas e tudo o mais. Ali, diga-se de passagem, tratava-se de dois egos inflados. Recentemente, Gilmar Mendes também ganhou os noticiários porque comparou com “bêbados” os autores da Lei da Ficha Limpa, a qual proíbe a candidatura de réus em processos que já tramitaram em segunda instância.
Apesar da fama e do comportamento imprevisível, o ataque aos membros da Lava Jato surpreendeu não só o meio jurídico. Ao que tudo indica, não se trata apenas de uma crise de vaidade. Há algo mais no rompante do ministro. Há quem aposte no corporativismo; Gilmar Mendes teria tomado as dores do colega Dias Toffoli, alvo de uma reportagem no mínimo maliciosa da revista “Veja” envolvendo-o com a OAS. Para a turma do STF, parte da delação do presidente da empreiteira, Léo Pinheiro, foi vazada pelos procuradores da Lava Jato à revista com o objetivo de enfraquecer Toffoli. Recentemente, ele contrariou o Ministério Público Federal (MPF) ao determinar a soltura do ex-ministro petista Paulo Bernardo, preso numa das fases da operação.
Como após o vazamento da delação do executivo da OAS a Procuradoria, pressionada pelas críticas, determinou a suspensão de seu depoimento, outra vertente aposta numa nova teoria: Mendes estaria querendo na verdade preservar políticos do PSDB ligados a ele e, supostamente, citados por Léo Pinheiro em esquemas de propina.
Talvez mais à frente descubramos o real motivo das declarações de Gilmar Mendes, mesmo sendo obrigado a concordar (pelo menos uma vez na vida e por razões diferentes) com a necessidade de “pôr freio” na sanha justiceira de alguns membros do Judiciário. A única conclusão certa, de momento, é sobre a existência de algo podre no reino dos super-heróis brasileiros.
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