O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSB), ainda sofre na escolha de um interlocutor para o diálogo com a Câmara dos Vereadores. A primeira tentativa foi frustrada. A escolha inesperada e inexplicada de Gilson Reis (PCdoB) como líder do governo na Casa deu com os burros n’ água em tempo recorde e por razões óbvias. O vereador é de um partido do qual ele é o único representante no Legislativo da capital e também não é um nome considerado de grande entrada com os colegas. Foi rapidamente boicotado pelos demais parlamentares e teve a cabeça pedida. Os vereadores, sempre sedentos de cargos na administração municipal e usando esse capital como moeda de troca para votações, também derrubaram o nome do vice-prefeito Paulo Lamac (Rede) como o responsável por estreitar as relações entre o Executivo e a Câmara.
Após esse mau começo, Kalil prometeu ele mesmo conduzir as negociações com os parlamentares e ganhar tempo para a escolha de um novo líder de governo. Enquanto isso não ocorre, a prefeitura vem sofrendo pequenas derrotas na Casa. Recentemente, dois vetos do Executivo foram derrubados sem grande esforço pelos vereadores. Em um deles, os parlamentares reverteram a decisão da PBH de não estender o horário de funcionamento do metrô da capital em uma hora, de 23h para 0h, como prevê a proposta do vereador Joel Moreira Filho (PTC). Em outra derrubada de veto, os parlamentares confirmaram o projeto de Jorge Santos (PRB), obrigando o Executivo a divulgar todas as informações sobre os radares fixos e móveis instalados na cidade. Mesmo que se revertam essas decisões na Justiça – o caso do metrô é passível de ação, porque envolve outros municípios –, as derrotas recentes mostram falta de força e de voz do prefeito nas articulações dentro da Câmara.
Se dentro de casa Kalil vai mal, nas costuras políticas, fora dela, mais especificamente em Brasília, tem conseguido abertura de diálogo com representantes do governo federal e recebido a promessa de investimentos. Anteontem, o prefeito, ao lado de representantes da bancada federal, anunciou a abertura total do Hospital do Barreiro, obra realizada durante a gestão do ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB), mas só com 25% de sua capacidade em operação. A ativação total da unidade custará cerca de R$ 144 milhões por ano. Desse total, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, teria garantido ao prefeito o repasse de 50% do valor com recursos da União.
Caso realmente consiga abrir integralmente o hospital, o prefeito ganhará pontos importantes junto à população da cidade, especialmente a do Barreiro, zona eleitoral mais populosa da capital.
Apesar do êxito em Brasília, o prefeito terá de resolver rapidamente a ausência de liderança no Legislativo. Uma má relação com a Câmara pode trazer prejuízos bem mais sérios do que o simples veto a projetos do Executivo.
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