Outro dia, no shopping, me deparei com um DVD que não tive coragem de deixar pra trás: “A Fantástica Fábrica de Chocolate”.
Esse filme marcou a minha infância. Meu sonho era também ser sorteada para conhecer uma fábrica como aquela, e eu ficava imaginando o passeio por entre rios de chocolate, paredes adocicadas, gansos que botavam ovos de Páscoa... Por isso, não hesitei em comprar o filme. Ao chegar em casa, quando ia começar a assistir, me lembrei de um desses e-mails que circulam pela internet, sem nenhum fundamento científico, mas que por um motivo qualquer a gente lê e sai repassando, às vezes até pelo absurdo do seu conteúdo. O tal e-mail dizia que esse filme era “coisa do demônio”, que nele estava inserida uma mensagem subliminar: Willy Wonka, o dono da fábrica fantástica, não era ninguém mais, ninguém menos do que o próprio demo, que queria tentar as criancinhas e levá-las para o mundo das trevas.
Eu ri ao ler tal besteira, mas já ouvi falar de mensagens subliminares piores. Para o dicionário, subliminar é “qualquer estímulo que não é suficientemente intenso para que o indivíduo tome consciência dele, mas que, quando repetido, atua no sentido de alcançar um efeito desejado”. Para quem acredita em tudo o que lê, ouve ou vê, subliminar é muito mais do que isso: é enxergar maldade nos desenhos da Disney, ouvir sacrilégios nas músicas da Xuxa ou acreditar que existe bruxaria (real) nos livros do Harry Potter.
Cada um tem o direito de acreditar no que quiser, mas não é melhor pensarmos primeiro se a coisa realmente faz sentido ou se é apenas um boato criado por uma mente pequena e fanática?
Sei que existe muita publicidade na televisão e no cinema que tem por objetivo vender produtos sem que nos demos conta disso. Minha crença no subliminar para nesse ponto. Esmiuçar um filme ou uma música infantil para tentar encontrar qualquer “símbolo do mal” chega a ser doentio. Quem perde tempo com isso é que tem “ideias malignas” e que precisa realmente rezar muito para afastar tais pensamentos. Ou precisa ocupar melhor o seu tempo, talvez escutando músicas, vendo filmes e lendo livros sem procurar mensagens ocultas.
Da minha parte, prefiro enxergar somente a parte visível aos olhos. Quanto ao filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, ainda quero assistir muitas e muitas vezes, sem me ater a nada além do sonho de ganhar um convite para visitar aquele mundo doce e encantado. Melhor mesmo é rir do comentário de um amigo... Segundo ele, diabo não é o Willy Wonka, e sim aquelas crianças – mal-educadas – que no filme são sorteadas e ganham o direito de visitar a tal fábrica: “Cada uma mais egoísta do que a outra. Queriam tudo apenas para si próprias”. Concordo com ele. Eu não iria querer todo o chocolate para mim... metade já seria bom o suficiente!
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