Houve um tempo em que o sistema de consórcio no Brasil teve uma grande força de vendas e aqueceu, sobremaneira, o comércio, principalmente de automóveis zero-quilômetro, modalidade mais utilizada para os que queriam comprar um carro e não tinham como pagar à vista e nem submeter a juros do financiamento bancário. Inúmeras empresas especializadas surgiram no mercado, e, com a rapidez de uma epidemia, o sistema de compra de cota, como é o funcionamento do consórcio, se alastrou.
No entanto, como tudo na vida, não há almoço de graça. Várias destas empresas agiram com má-fé, iludindo e ludibriando consorciados. É claro que do outro lado da moeda, sempre apareceram os “espertinhos” que acreditam na “cota contemplada” a preço menor que normalmente seria o correto e acabaram ficando sem o dinheiro investido e sem o bem. Não devemos claro, colocar todos no mesmo cesto. Empresas idôneas acabaram sendo prejudicadas e, com a perda de credibilidade, alijadas do mercado.
Hoje, existem algumas remanescentes daqueles áureos tempos, mas não são nem uma sobra do que foram no passado. É clara a preferência na opção pelos grandes bancos comerciais por parte daqueles que acreditam ser o consórcio uma forma de aquisição de um bem ou mesmo para forçar uma poupança. Mas existem empresas idôneas e de reconhecida competência que seguem oferecendo seus serviços.
Como um novo público consumidor surge nos tempos deste mundo cada vez mais acelerado, é sempre bom relembrar como funciona o mecanismo. O sistema de consórcios é considerado como “a arte de poupar em grupo”, pois se baseia na união de pessoas, físicas ou jurídicas, que formam uma poupança comum, destinada para a aquisição de bens móveis, imóveis e serviços, por meio de um autofinanciamento.
Reunidos em um grupo, os consorciados passam a contribuir, por prazo determinado, com uma parcela destinada à formação desse fundo. Assim, o consórcio é ideal para quem não precisa imediatamente de um determinado bem ou serviço e pode aplicar uma parcela de sua renda que não será utilizada como despesa. Se você se encaixa nesse grupo, você tem o perfil de poupador e, logo, de um consorciado. Todos os participantes do grupo de consorciados têm o direito de utilizar parte da poupança comum, após serem contemplados por sorteio ou lance. No sorteio, de acordo com a disponibilidade em caixa, um ou mais participantes do grupo recebem sua carta de crédito no valor do plano a que aderiu, independentemente do número de prestações que tenha pagado. Ou seja, o sorteio define a ordem de recebimento do crédito, uma vez que todos os participantes receberão seus créditos até o fim do plano. A carta de crédito é o mesmo que um pagamento à vista. Isso aumenta o poder do comprador na hora de acertar o preço do veículo com o vendedor.
Já o lance propicia ao consorciado concorrer à contemplação mediante antecipação de parcelas. Dependendo da disponibilidade, será contemplado o maior lance. A modalidade consórcio ocupa hoje o sexto lugar no ranking dos produtos financeiros mais procurados na internet. Mas é importante ter em mente que você não está adquirindo diretamente um carro, mas uma carta de crédito. Então, o planejamento para esse crédito é fundamental. Considere em seu orçamento o valor das parcelas, as taxas de administração e o fundo de reserva – que cobre uma eventual falta de recursos para crédito a todos integrantes.
Para quem gosta de planejar, não tem pressa, mas tem muita disciplina, o consórcio segue sendo uma segura opção, desde que se pesquise o histórico da empresa escolhida para a compra da cota.