Sábio quem disse que na vida mais vale um grama de exemplo do que uma tonelada de conselhos. Já que na próxima semana comemora-se o Dia dos Pais, peço licença ao amigo leitor para dedicar este espaço não aos tradicionais assuntos ligados ao mundo do automóvel, mas para prestar uma homenagem a um grande amigo e maior incentivador: meu pai, o jornalista Raimundo Couto e Silva, o V. de Ouro Preto, pioneiro na cobertura especializada sobre automóveis em Minas Gerais.
A ele devo muito mais do que o exemplo, mas a inspiração de buscar, lutar e almejar um sonho que parecia distante em minha vida, o de seguir seus passos. Para dizer a verdade, muitas passagens em nossas vidas que ficaram marcadas para sempre na memória tiveram os automóveis como os principais protagonistas. Ainda hoje, passados mais de 30 anos do acontecido, não consigo atravessar o temido viaduto Villa Rica (ora conhecido como viaduto das Almas) sem me lembrar de uma viagem de férias para Saquarema (RJ), que foi interrompida quase na entrada desse viaduto.
Seguíamos todos – meus pais, meu avô (que sempre nos acompanhava), minhas irmãs – felizes e alegres a bordo do possante Aero Willys, azul, rumo às tão esperadas férias na praia, quando, de repente, ele começou a ferver e soltar fumaça pelo motor. Foi perdendo força até parar no acostamento. Fundiu o motor, e dali não iríamos passar.
Fui escolhido para acompanhar meu pai na busca da única solução: outro carro. E, assim, pegamos um ônibus na estrada e depois um táxi até a Bolsa de Veículos, que ficava na avenida Amazonas.
Ali, o sempre bom amigo, o saudoso Wilson Alves dos Santos, emprestou-nos um Itamaraty dourado pelo qual me apaixonei à primeira vista. Voltamos para o ponto da parada junto a um caminhão para rebocar o velho Aero Willys para a oficina. Resolvido o problema, todos entraram no Itamaraty dourado, e seguimos seguros em direção ao nosso destino. Fomos e voltamos muito bem.
Meu pai, por necessidade e de tanto eu insistir, acabou comprando o tal Itamaraty e com ele ficou por muitos anos. Depois do Itamaraty, foi a vez do Opala, bege, placas AF-0033, que chegou às vésperas de outra viagem de férias. Desta vez, muito mais ousada. Fomos em janeiro de 1970, de carro, de Belo Horizonte até o Sul do Brasil, e, de lá, para Argentina, em uma época em que aventuras assim eram raras. De novo toda a família, três adultos (meu avô junto, sempre um grande incentivador) e cinco crianças, desta vez em um Opala 70, para um grande e inesquecível passeio que até hoje nos encanta.
Meu pai foi um bandeirante que desbravou trilhas desconhecidas e ajudou a abrir o espaço na imprensa para a cobertura jornalística especializada sobre a indústria automotiva, que encanta a tantos brasileiros. Ainda hoje, tanto tempo depois de deixar o setor, quando encontro pela vida profissional afora algum remanescente da época, o nome de meu pai é lembrado e reverenciado por sua conduta de vida, pautada pela ética e pela postura profissional. Confesso que sinto o maior orgulho. Obrigado, pai, por me ensinar o caminho...
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