Cenário virando
Até o feriado, acreditava-se que a nova denúncia contra Temer chegaria enfraquecida ao Congresso por causa da revisão da delação da JBS. Mas, a sinalização mudou. Os indicativos agora são de que a PGR prepara uma peça robusta, com dupla acusação, incluindo uma gravíssima de formação de quadrilha. Acusação esta sustentada pela delação de Lúcio Funaro (além de outros) e justificada aos olhos da opinião pública pela imagem dos 51 milhões apreendidos pela PF e atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira.
Segue o dinheiro
A dinheirama complicou a situação de Temer e seu grupo. As notas estão sendo rastreadas. Mais que a origem, a destinação dos milhões apreendidos se mostra um problema. Se o dinheiro for ligado a deputados, ou seja, se surgirem indícios de que seria usado pelo ex-ministro da Casa Civil para compra de votos no Congresso, Temer pode ficar insustentável.
Dono da bola
Rodrigo Janot foi o protagonista da semana. E continuará arrebatando a cena nos próximos dias, até 17, quando deixa o cargo para a sua opositora Raquel Dodge. A saída de Janot ocorre no momento em que ações da PGR atingem os políticos mais poderosos, inclusive o presidente. Nos últimos meses, por força da Lava Jato, o procurador geral virou um acusador geral, e como tal o cara mais odiado na classe dirigente de Brasília. O resultado é que ele ficou sob o fogo cruzado de muitas pressões. E sua resposta está sendo uma despedida dramática, marcada por festival de denúncias – as mais recentes, nesta sexta, contra senadores peemedebistas.
Desengavetador-geral
O procurador geral trabalha a todo vapor. Até sábado terá caneta para acusar uma leva de políticos e associados com foro no STF. Seu plano é botar tudo a limpo, não deixar nenhuma ação pendente. Até Janot, o chefe da PGR era chamado de ‘engavetador-geral’ da República, pela cultura de arquivar processos por pressão política. Talvez Janot queira mudar essa história conquistando para si o conceito oposto, de ‘desengavetador-geral’.
Porta de entrada
Alguns não-políticos ou ‘outsiders’ continuam trabalhando nos bastidores para a campanha de 2018. De Brasília chega notícia de movimentação do ex-ministro Joaquim Barbosa, que estaria fazendo reuniões visando uma possível candidatura ao Planalto. Em Minas, dois empresários no momento tentam viabilizar candidaturas: Robson Andrade e Romeu Zema.
Disposição
O dono do grupo Zema, grande comerciante no Estado, teve uma logomarca para campanha de governador divulgada há poucos dias na internet. Mas pode disputar outro cargo, segundo amigos. Ele tem vindo à capital para contatos, de olho em 2018. E parece estar muito disposto.
Raquel Macedo, Alexandre Bernardes, Carol Meyer e Ricardo Queiroz.
Contingência
Mais interessado ainda na campanha está Robson Andrade. O presidente da CNI, há anos em Brasília, disse a interlocutores que deseja se voltar para Minas, num claro sinal de pretensões eleitorais. Na realidade, Robson vai sendo empurrado pelas circunstâncias para a política. O seu grupo pode perder a Fiemg, deixando-o em posição frágil na CNI. Por outro lado, se ganhar um mandato nas urnas, ele se fortalece no comando da entidade. Os seus antecessores eram senadores.
Vaga tucana
Hoje, Robson transita mais no campo de Aécio. Ele disputaria pelo PSDB ou legenda aliada. Assim, o seu projeto se mostra associado ao de Aécio, ganhando enorme impulso se o tucano não disputar a reeleição ao Senado.