Hecatombe
A ‘lista de Fachin’ aponta destruição política de proporções maiores que as previstas. São 83 inquéritos com 109 alvos no STF e 211 a caminho das cortes inferiores, envolvendo, em vários casos, mais de uma pessoa. Só nessa leva, com base em 48 delações da Odebrecht, os investigados podem chegar a 400. O rol ainda será encorpado por 30 depoimentos da mesma empreiteira e os das outras empresas que já fizeram acordo: OAS, AG etc. E ainda tem a fila de delatores à espera ou em negociação: Marcos Valério, Cabral, Cunha e etc. Com certeza, a rede da Lava Jato vai pegar milhares.
Regra do crime
Os quatro últimos governadores de Minas enfrentam o Judiciário (um, Azeredo, já em julgamento), assim como todos os presidentes eleitos pós-ditadura. E ninguém duvida de que os antecessores também virariam alvos se as delações recuassem no tempo. A transgressão se tornou regra no exercício do poder e a corrupção, parte da cultura política. Uma situação apenas possível se construída ao longo da história, sob as vistas grossas da Justiça e tolerância da sociedade. Ou seja, com a cumplicidade geral no país.
Vala comum
Agora, todos os principais pré-candidatos a cargos majoritários em Minas em 2018 estão na Lava Jato. Aécio e Anastasia serão investigados no STF. Pimentel e Marcio Lacerda figuram em casos que descerão do Supremo: o governador responderá ao STJ e o ex-prefeito, à Justiça mineira. Quem entregou Lacerda foi o executivo Sérgio Luiz Neves.
Submergidos
Os dois mineiros não-políticos na ‘lista de Fachin’, Paulo Vasconcellos e Oswaldo Borges da Costa, mergulharam nas sombras muito antes de serem citados. O ex-marqueteiro de Aécio continua em BH, e trabalhando, mas restringiu ao máximo os contatos. Já Oswaldinho, apontado como operador do esquema aecista, praticamente se mudou da capital mineira: desde que deixou a presidência da Codemig, vive a maior parte do tempo nos EUA.
Bem de vida
Oswaldinho está rico, muito rico. Exibe estilo de vida sofisticado. Vive entre Miami, onde mantém um belo imóvel, e Orlando, onde o filho toca negócios. Além dos ganhos nos serviços prestados ao seu grupo político, ele foi beneficiário indireto da morte do sogro bilionário Gilberto Faria, padrasto de Aécio. No final de março, antecipando-se à própria citação na Lava Jato, Oswaldinho começou negociações para contratar Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, um dos criminalistas mais caros do país.
Potencial delator
Na última vez em que foi visto em BH, há mais de um mês, Oswaldinho desembarcou de um jato na Pampulha, muito magro e com aparência de deprimido. Amigos e conhecidos avaliam que ele não tem temperamento para suportar pressão. Se o cerco apertar, ele entrega tudo. É mais um potencial delator. Resta saber se suas informações irão interessar à Lava Jato, que tende a ser mais seletiva nos acordos, até pelo volume de gente disposta a falar em troca de um abrandamento da pena.
Esperança vive
Uma grande empresa contratou pesquisa para conhecer as expectativas dos consumidores mineiros. E encontrou 36% de otimistas, que acreditam na melhora e no futuro do Brasil. Em meio a tanta crise e escândalos, o índice é animador: mostra muita gente resistindo e persistindo na esperança.
Silêncio das panelas
Após a divulgação da ’lista de Fachin’, não se ouviu protesto nas regiões dos panelaços recentes. Possíveis explicações: o cidadão caiu no desalento diante da banalização dos escândalos; as panelas tinham viés ideológico e emudeceram quando a Lava Jato chegou aos políticos que as inspiravam.
Edição histórica
A publicação ontem dos novos procedimentos no âmbito da Lava Jato exigiu edição extra do “Diário da Justiça” com nada menos que 221 páginas.
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