Novo cenário
A principal conclusão da bateria de dados da última pesquisa presidencial do Datafolha é aquela que o próprio instituto já reconheceu: mantido o quadro eleitoral de hoje, uma vaga no segundo turno está garantida para Lula – para o próprio ex-presidente ou para quem ele venha a indicar, caso não possa concorrer. Isso significa que todos os demais pré-candidatos, à exceção do futuro escolhido de Lula, vão disputar entre si uma única vaga. O que muda totalmente o cenário. E obriga a revisão geral de estratégias.
Muda tudo
Antes, analistas apostavam na dispersão dos votos de Lula, com os lulistas se dividindo entre vários nomes na ausência do ex-presidente. O Datafolha, contudo, derrubou essa tese. Mostrou que, ao contrário, a maioria lulista seguiria coesa a orientação de voto do ex-presidente. Segundo a pesquisa, Lula conseguiria transferir no dedão 59% dos 35% das intenções de voto que tem hoje. São 20,6% do eleitorado do país, contingente suficiente para levar o nome do lulismo ao segundo turno.
Lulista A, B ou C
Caso inelegível, Lula deve lançar Fernando Haddad. Mas nada impede que outros se apresentem como herdeiros legítimos do lulismo, embora não oficiais. Ao menos um candidato, o ex-ministro Ciro Gomes, pode disputar o espólio lulista. Marina também seria potencial herdeira por sua trajetória política e biografia pessoal. Lula pode ter um só nome, mas seus eleitores não. Segundo o Datafolha, ao menos 40% deles estão abertos a opções.
Todos x Todos
No primeiro turno, a permanecer o atual quadro eleitoral, os candidatos vão brigar por uma vaga; a outra seria de Lula ou preposto. Esse novo cenário empurra todos os presidenciáveis, à exceção do lulista oficial, para uma disputa mata-mata pela vaga disponível. Até aqui, todos se preparavam para ser uma de duas alternativas a Lula. Agora, com uma delas já atrelada ao ex-presidente, a outra vaga será de quem superar os demais adversários. Doravante, Marina, Bolsonaro, Alckmin, Ciro, Meirelles, Doria e outros vão ter que confrontar e bater entre si, cada vez mais.
A proposta
Segundo boa fonte, Temer colocou todos os partidos atrelados ao Planalto à disposição de Rodrigo Pacheco, presidente da CCJ na Câmara Federal, onde já tramita a segunda denúncia da PGR contra o presidente. Hoje filiado ao PMDB, o deputado poderia escolher a legenda que quiser para abrigar a sua candidatura ao governo de Minas, na proposta presidencial.
Paz celeste
As rusgas entre o ex-presidente do Cruzeiro, Gilvan Tavares, e seu sucessor, Wagner Pires, são coisa do passado. Eles racharam em torno da escolha do novo comandante do futebol cruzeirense, Itair Machado, que financiou a campanha da chapa vitoriosa, mas ganhou desafetos no grupo. Depois de alguns encontros e muitos panos quentes, os cartolas voltaram às boas.
Raquel Lima, Olívia Tavares, Fernanda Abadjieff e Russlan Abadjieff
Volta de Aécio
Aécio retorna esta semana ao Senado. A análise do afastamento do senador tucano pelos senadores já havia sido marcada para a próxima terça, 17, de modo a ocorrer logo após a manifestação do STF sobre o caso. Houve uma espécie de acerto informal entre os presidentes do Supremo, Cármen Lúcia, e do Senado, Eunício Oliveira, para evitar o confronto institucional. Agora, com a decisão do STF de deixar ao Senado deliberar sobre afastamento de senadores, a volta de Aécio é certa. Tem maioria na casa para isso.
Blindagens
A decisão no STF que beneficiou Aécio também servirá de escudo protetor para os mandatos dos demais senadores e mesmo deputados. Em tese, após a decisão do STF, eles só podem ser afastados se os colegas concordarem. Mas a classe parlamentar não é a única que está ganhando uma blindagem. Projeto já aprovado nesta semana, e enviado à sanção de Temer, transferiu para a Justiça Militar o julgamento de militares acusados de matar civis em operações, resgatando assim um privilégio militar dos anos de ditadura.