Onda de 2018
O começo de 2018 está sendo marcado por uma grande onda de otimismo na economia. Todos os indicadores apontam uma alta forte nos ânimos dos empresários e investidores. Neste janeiro, a confiança da indústria atingiu o maior nível em quatro anos; o índice Bovespa fechou acima dos 80 mil pontos, marco histórico; e as projeções de crescimento do PIB subiram tanto para o ano passado como para os próximos meses. Uma maré positiva assim não se via no Brasil desde 2011, o último ano em que o IBGE registrou expansão robusta do país (3,9%).
Fora para dentro
A onda está sendo formada por ventos que sopram de fora. O boom das expectativas no Brasil se dá em fase excepcional da economia mundial. O otimismo é uma regra hoje no globo, que experimenta um momento raro de expansão abrangente e sincronizada. A bonança mundial é tanta que vem impulsionando, via exportações, até países encrencados como o Brasil, cuja economia cresce embalada pela maior demanda de commodities.
Explosão sideral
Emblemático do otimismo global é o mercado acionário. As bolsas todas vêm batendo recordes sobre recordes, numa onda sem precedentes de valorização das ações, alimentada por uma abundância também inédita de recursos. O Índice Dow Jones (EUA) subiu em 2017 nada menos que 25%, o Frankfurt, 13%, e o Nikkei (Japão), 17%. Até no Brasil que ainda se recupera de profunda recessão as ações subiram espetaculares 26%. De tão explosiva, a alta das bolsas já causa apreensão: as cotações parecem se descolar da realidade e do planeta Terra.
Overdose de grana
A política dos bancos centrais ricos no pós-crise 2008 explica a dinheirama nos mercados. E a corrida maluca das ações. A grana despejada por EUA, Japão e Eurozona no sistema financeiro foi tanta que parece estar levando o mercado a uma overdose de especulação. Um estado de loucura já apontada por vários economistas de peso, como o Prêmio Nobel Richard Thaler, que disse não entender mais os mercados. E é justamente essa exuberância irracional, incompreensível, que vem embalando o otimismo global.
Estão nem aí
Há riscos na bonança global embalada por especulação financeira. Podem surgir bolhas no mercado. E o atual modelo de crescimento mundial vem gerando concentração de renda e pobreza por toda parte. É sustentável? Provavelmente não, pelo menos no longo prazo. Mas, e daí? Os agentes financeiros já optaram por ignorar as inconsistências e riscos da bonança irracional. Eles não temem perdas com uma eventual quebra ou correção do mercado. E estão certos. Hoje, menos de dez anos após o crash de 2008, eles andam fazendo milhões e enriquecendo como nunca. A última crise financeira acabou sendo ótima para eles. Por que a próxima não seria?
Danilo Siqueira Campos, Felismina Saraiva e Fabiano Passos.
Nova prioridade
O PSB não deve lançar Joaquim Barbosa nem apoiar Geraldo Alckmin. O partido caminha para ficar solto na sucessão presidencial. Esse é o cenário com que trabalha hoje o pessoal do PSB mineiro. Segundo já indicado pela direção nacional, a prioridade partidária em 2018 será eleger governadores, sobretudo em São Paulo e Minas Gerais, os Estados mais populosos, e Pernambuco, onde a legenda surgiu.
Hesitou, dançou
Joaquim ainda não foi descartado oficialmente. Mas já parece fora do jogo. Ele perdeu o prazo. Titubeou quando o PSB queria lançá-lo, recolheu-se ao silêncio e ficou inerte quando teve a chance de se firmar como candidato. Agora, a poucos meses do pleito, ele vai emergir do nada, como quem cai de paraquedas, para disputar o maio poder no país? Difícil.