Preto no branco
O esperado apoio do prefeito com todo o grupo que comanda a PBH vai carimbar a candidatura de João Leite com a marca indelével do governismo. O PSDB foi sócio da gestão Lacerda e segue controlando áreas de peso na prefeitura, como a BHTrans. No 1º turno, a campanha tucana se desvinculou da administração municipal, com João posando de candidato independente e crítico. Agora, a disputa eleitoral ganha maior nitidez, com a clara definição de papéis: João é governo, definitivamente.
Flancos abertos
A guinada governista traz riscos para João. Ao se revelar como candidato de continuidade da gestão em curso, o tucano passa a andar na contramão da tendência do eleitorado, que já mostrou no dia 2 a sua inclinação para a oposição e renovação. O PSDB sabe que abriu flancos para o ataque rival, mas aposta que os novos apoios políticos vão reforçar o perfil agregador do candidato e compensar eventuais desgastes a sua imagem.
Guerra de perfis
O governismo de João reforça o oposicionismo de Kalil. Então, para evitar um duelo situação X oposição que favoreça o rival, a saída tucana é tentar levar a campanha para um confronto entre pessoas ou atributos individuais. Ou seja: em vez de uma disputa política, uma guerra de perfis.
Tática do medo
Os tucanos esperam vencer a disputa de perfis com um aumento da rejeição ao adversário. Nos últimos dias, aliados de João intensificaram as críticas a Kalil, num esforço de desconstrução de imagem, cujo objetivo é provocar medo no eleitor e forçá-lo à escolha do perfil mais confiável ou menos ruim. A tática já foi usada como algum sucesso no 1º turno.
Fotografia
Novas pesquisas de instituto nacional devem ser publicadas a partir de amanhã com resultados sobre a disputa em 2º turno no país, incluindo BH.
Sufoco
Segundo boas fontes, o governo mineiro já está atrasando até os repasses obrigatórios de ICMS aos municípios, por falta de dinheiro em caixa.
Por exclusão
Os votos dos ocupantes de cargos de confiança na máquina estadual estão migrando em massa para Kalil, agora a única opção de candidatura para todos os adversários e inimigos do PSDB.
Entrave
O maior entrave na campanha de Kalil no 2º turno está sendo financeiro: as doações ao candidato não aumentaram na mesma proporção dos gastos com publicidade, que agora são muito maiores em virtude do tempo de TV.
Camila Felix com Ronaldo Armond, diretor tesoureiro da Caixa de Assistência aos Advogados de Minas.
Teto das aparências
Estudos apontam que, na melhor das hipóteses, a PEC estabelecendo limite para os gastos públicos começará a reduzir as despesas do governo federal, enquanto proporção do PIB, somente por volta de 2022. Isso mesmo, daqui a seis anos. No curto e médio prazo, o teto será inócuo. Ou ação simbólica.
Jogo de intenções
O governo Temer se mobiliza para aprovar a PEC do Teto não porque isso vá influenciar as suas contas e, sim, para causar boa impressão no mercado financeiro. Por sua vez, a turma do mercado sabe que será demorado e difícil fazer o teto produzir resultados, mas aplaude o gesto do governo como uma mostra de boas intenções e um primeiro passo rumo ao ajuste fiscal.
Furo na teoria
O teto para gastos, tal como proposto, só vai reduzir a despesa real do setor público quando – e se – o Brasil voltar a crescer. Enquanto a economia permanecer estagnada, os gastos corrigidos pela inflação do ano anterior continuarão subindo acima das receitas.