Rota de colisão
Atos de Temer evidenciaram nos últimos dias uma ofensiva do governo para blindar seus membros da Lava Jato: indicação do subordinado Moraes para o STF, criação de pasta para dar foro privilegiado a Moreira Franco, escolha de Lobão na CCJ do Senado etc. Em reação à força-tarefa, subiu a pressão com mais vazamentos comprometedores para a turma e abertura de novos inquéritos, desta vez pegando até Sarney. Os fatos vão mostrando a coexistência dificílima, quiçá impossível, entre o governo Temer e a Lava Jato. Um dos lados deve cair nessa guerra já aberta e talvez irreversível.
Fora de controle
O lado mais forte parece estar na força-tarefa, que se agigantou ao ponto de ficar incontrolável. A Lava-Jato já alcança ex-presidentes e políticos do Peru, Colômbia, República Dominicana e sabe-se lá quantos mais entre 18 países que estão abrindo investigação relacionada. Há o processo nos EUA de investidores contra o petrolão. A Lava Jato se internacionalizou de modo a não poder ser domada por quem quer que seja no Brasil.
Fuga no processo
Se não há como deter a apuração e divulgação de episódios, por outro lado não há nenhuma garantia de punição, ao menos para implicados no Brasil com foro no STF: a maioria pode escapar pela lentidão dos processos. Em três anos, a corte abriu investigação contra 365 pessoas (contando Sarney), das quais só duas viraram réus e nenhuma foi condenado. Especialmente nos casos de políticos, a Lava Jato corre alto risco de produzir muito escândalo na mídia para pouca punição nos tribunais. Como sempre vimos no país.
No modo Fachin
Tem gente importante no Judiciário apostando que o ministro indicado por Temer ao STF acabará optando pela independência nos votos, frustrando quem espera dele uma defesa firme de réus governistas. Autor de livros e vaidoso da carreira, Alexandre Moraes tenderia a imitar Edson Fachin, que tratou de desfazer a fama de petista após vestir a toga do STF.
Jeito simples
Imagem à parte, o futuro ministro deve mesmo procurar se preservar diante das lentes da TV Justiça. Até porque, para ajudar amigos, ele não precisará se expor tanto em seus votos: bastará apenas que se esqueça de alguns dos 7.500 processos que o aguardam no STF.
A grande dama do teatro Bibi Ferreira posando entre Fátima Carretero (esq.) e Ivonéria Rodrigues, após apresentar no Palácio das Artes, em BH, espetáculo “4 X Bibi”, que comemora os seus 75 anos de carreira.
Nada a declarar
Kalil compareceu a coletiva de imprensa na quinta-feira, 9, preparado para ouvir perguntas sobre o parecer do MP, publicado naquele mesmo dia, sugerindo a rejeição de suas contas eleitorais – o que poderia ameaçar o seu mandato. Mas o assunto não entrou na pauta. Se algum jornalista tivesse se lembrado de questioná-lo sobre o processo, o prefeito teria simplesmente desconversado com uma resposta do tipo: “Falem com a minha advogada”. A propósito, ela se chama Patrícia Henriques Ribeiro.
Super secretária
Um hábito de Kalil já observado na PBH: quando informado de algum pepino, a primeira pessoa para quem ele liga é Adriana Branco, que acumula na gestão municipal duas pastas ligadas diretamente ao gabinete do prefeito: comunicação social e relações institucionais.
Siga a mídia
A segunda ou terceira pessoa mais solicitada por Kalil no dia a dia da PBH costuma ser o chefe da sua assessoria de imprensa, Chico Maia. Um sinal de que o prefeito dá muita importância ao que falam dele na mídia.
Modernidade
O TCE inaugura amanhã a sua Central Suricato de Fiscalização Integrada, Inteligência e Inovação, serviço de controle externo montado com todas as sofisticações tecnológicas, num edifício também de última geração. Em resumo, a julgar pelo release oficial, uma estrutura de primeiro mundo. Espera-se que o retorno para a sociedade também o seja.