Superdia 24
Passada a surpresa com o anúncio do segundo julgamento de Lula, os petistas e seus aliados começam a se mexer. O MST organiza um acampamento em Porto Alegre, sede do TRF4; estão sendo criados “comitês populares”, correm manifestos de intelectuais e acadêmicos. Até Bono Vox (U2) está convidado ao super 24 de janeiro (e já teria confirmado presença, segundo o senador Roberto Requião). Enfim, o que seria o ato final da condenação de Lula pode virar um evento político de consequências imprevisíveis. Com certeza, será um marco na campanha eleitoral de 2018.
Até o fim
A dimensão do evento só se saberá no dia. Seja como for, Lula e o PT já fizerem sua escolha pela politização da Lava Jato e pelo confronto com o Judiciário, “até as últimas consequências”, como disse a presidente petista Gleise Hoffmann. Ou seja, Lula manterá a candidatura até o fim ou até ser cassado em definitivo; vai estar no palanque de qualquer jeito, por meio de recursos judiciais e/ou de um substituto. Ao ex-presidente importa ganhar o pleito, não necessariamente voltar ao Planalto. Independente de figurar na cédula, ele fará de tudo para manter o protagonismo na eleição.
Reféns do discurso
É improvável um recuo ou correção tática de Lula e do PT. O caminho do confronto ou resistência ao Judiciário se tornou inevitável após os petistas adotarem a narrativa do “novo golpe”. Nessa versão, já muito difundida por Dilma em giros internacionais, a cassação de Lula seria um golpe dentro do golpe, ou um novo movimento golpista das elites para implantar reformas. Se os petistas não resistirem à sentença do TRF4, desqualificam a própria narrativa de que Lula (com o partido) é vítima de um golpe no país.
Tudo ou nada
Até agora a narrativa do golpe teve boa aceitação no povão. Daqui pra frente, a credibilidade dependerá de fatores imponderáveis como os efeitos das reformas e demais medidas do “governo golpista” na economia. O fato é que os petistas decidiram partir para o tudo ou nada. Lula vai se arriscar a receber voz de prisão, nessa tática de contestação judicial. Mas, por outro lado, se a narrativa do golpe pegar de vez, o ex-presidente pode não só garantir uma vaga no segundo turno, para si ou para outro, como ainda eleger muitos aliados no Congresso e nos governos dos Estados.
Montagem
Os petistas mais renomados estão sendo chamados a assumir “núcleos” no partido para elaboração do programa de governo lulista. O ex-ministro Patrus Ananias vai liderar o núcleo agrário.
Movimento
Prefeitos ameaçam dissidência no DEM em represália à direção nacional do partido, que quer filiar Rodrigo Pacheco para lançá-lo ao governo de Minas. O grupo dos democratas descontentes não está coeso: uma parte quer apoiar Dinis Pinheiro e outra parte defende Marcio Lacerda.
Antidedaço
A animosidade democrata com Pacheco tem menos a ver com o candidato em si e muito mais com o modo como a sua candidatura está sendo imposta ao partido, de cima para baixo. O presidente do diretório estadual, Carlos Melles, não deve estar gostando nem um pouco de ser atropelado.
Carlos Pessoa e Gustavo Macena.
Bicho pegando
Somente nos últimos dias, o sindicato dos jornalistas de São Paulo relatou a demissão de 20 profissionais na Record. E Silvio Santos anunciou em festa para funcionários do STB que o grupo irá cortar gente após perder “R$ 400 milhões em dois anos”. Ao menos nesse setor, a crise parece longe do fim.
Candidato do ano
Em sua pré-campanha ao governo de Minas, Lacerda já “percorreu 110 cidades”, segundo uma nota enviada pelo PSB à coluna a propósito da nova sede do partido em BH. Nem o governador andou tanto. Com tal balanço de visitas, o ex-prefeito pode ser considerado, de longe, o candidato que mais viajou e se movimentou no Estado em 2017.