A caixa de e-mails estava cheia como de costume. Fui lendo um por um – excluindo ou arquivando, conforme o grau de importância – até encontrar a mensagem enviada pelo Júlio. Era final de abril. Na tela, havia um pedido peculiar. Júlio me encomendava palavras para destinar à filha Ana. Embora se tratasse de um pedido diferente, não hesitei. É que, no texto sucinto do leitor que até então eu não conhecia, havia um bocado de amor. Amor de pai para filha.
Ainda não conheço o Júlio pessoalmente. Mas, agora, de alguma forma, criamos outra relação. Estabelecemos uma parceria. De e-mails trocados a uma conversa telefônica, juntos, construímos uma homenagem à Ana Thereza, filha do Júlio que, no final de agosto, fez 15 anos. Hoje, descrevo as vivências do Júlio para dizer a ele que as palavras se embasaram na emoção de um pai amoroso e no apreço que esse homem de bem sente por sua família. Então, nasceu uma história mais ou menos assim:
Ana Thereza fez 15 anos. E o pai queria que o tempo parasse por alguns minutos. Só para tentar, por meio de palavras, falar de amor. De um amor sublime, de um amor delicado, de um amor que transcede o tempo. Amor de família. Amor de pai.
Mesmo sabendo que amor de pai e mãe não pode ser totalmente descrito por palavras, ainda assim, Júlio decidiu tentar...
A Ana não foi planejada como o irmão mais velho, o Felipe. Resolveu surpreendê-los. Chegou em 2000, como mais um presente de Deus. Uma surpresa boa, dessas que enchem a alma de alegria. Do bebê calmo à menina doce e de sorriso fácil, logo cativou a todos. Dedicada à família, se faz presente em cada gesto, em cada olhar, em cada posicionamento.
Estudiosa, com espírito de liderança e amiga... a Ana cresce com o passar do tempo. E como é ligeiro esse tempo! A menina, agora, é moça feita e orgulha muito a todos com sua evolução, com seu jeito de pensar e agir. Não precisa olhar muito longe para ver que será uma mulher corajosa, destemida diante de tudo que a vida lhe oferecer.
Revendo as fotos de outros tempos... o pai se emociona, e, como num filme, as lembranças invadem seus pensamentos. Dos domingos de brincadeira. Das manhãs na praça da Assembleia. Das peças teatrais. Dos beijos ao sair de manhã e dos abraços aconchegantes quando ele voltava para casa após um dia duro de trabalho. Do carinho que nunca faltou.
Hoje a casa é cheia. De amigos. De alegria. De amor. E é justamente esse amor que o Júlio quer que a Ana leve com ela. Que o amor a guie. E que ela esteja aberta para aprendizados, descobertas e diferentes conquistas.
Como a grande maioria dos pais, o Júlio deseja que a Ana realize todos os sonhos dela. Seja na medicina... ou em qualquer outra profissão que escolher, terá o apoio da família. E, se um amor chegar (isso, se o rapaz tiver coragem de enfrentar o Júlio, que costuma “brincar de ser ciumento”), que ele compartilhe com a Ana a virtude maravilhosa de ter uma família.
O pai presenteia a filha com liberdade para que ela viva intensamente. Mas também quer que a jovem sempre volte ao seu lar, com seu abraço gostoso, com a sua vontade de se comunicar, com sua generosidade.
Para o Júlio e sua esposa, a filha – que é uma bela garota (eu a vi em fotos) – será sempre a pequena Ana Thereza. Não sei se vocês sabem, mas os pais têm o “poder” de parar o tempo e de amar sem limitações.
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