O espaço estava em branco. Literalmente. A hora passava, e a escolha sobre o que escrever não chegava, não fluía como de costume. Parecia uma noite ruim para transformar pensamentos em palavras. Até que a “luz” apareceu. Em tempos de tecnologia, chegou por mensagem, via internet. Na verdade, foi enviada por uma amiga, daquelas que nos presenteiam com o que a vida tem de melhor: sorriso em dia difícil, música boa, colo e conversas que se estendem por algumas taças de vinho ou noite afora com os maridos e as crianças.
Ontem, em especial, o ânimo virou depois da chegada de um texto de Ruth Manus. Uma sequência de parágrafos que, como estes, têm a intenção de nos fazer refletir. Sobre a vida, sobre a temporalidade, sobre histórias, sobre perdão, sobre amor, sobre gratidão e outros sentimentos atropelados nos dias comuns. Ao ler o artigo, no qual Ruth questiona quanto tempo ainda vamos perder na vida, e quando foi a última vez em que fizemos algo pela primeira vez, renovei esperanças. Ela não se referiu a grandes projetos, apostou apenas em pequenas ações, que preferiu chamar de “sopros de liberdade”.
Ruth fez as escolhas dela: ir no cinema sozinha, mandar gente chata pro espaço, ir para o bar acompanhada dela mesma, ligar para uma pessoa de quem goste, pedir desculpas por erros do passado, circular de pijama na garagem para buscar o que ficou no carro, viajar com a roupa do corpo e retribuir gentilezas. Envolvida pelo conteúdo, fui acrescentando meus pequenos prazeres às escolhas dela e, assim, desenhando novos contornos à liberdade. Com direito a dias ensolarados e vento no rosto. Sem medos de novas chances ou de novos projetos. Correr riscos em busca de acertos. Aprender com os erros. Seguir e também recuar se for necessário. Fazer o bem pelo nosso próprio bem.
Para encarar a vida de forma diferenciada, é preciso coragem. Espantar o cansaço. Não o físico que pesa no corpo. Eu me refiro ao cansaço da alma. Aquele que acomete as pessoas mais desanimadas. O trabalho cansa. Os filhos cansam. O marido cansa. Os amigos têm defeitos demais. O trânsito engarrafado desanima. A conversa do homem que você nunca viu, mas está na poltrona ao lado, em um mesmo consultório, também é motivo de irritação para os mais cansados. A alma parece carregar um peso sem fim.
Não deixe a vida passar assim... com medo, sem forma ou cores. Arrisque-se. Ouse quanto puder. Tenha histórias para contar. De preferência, ao lado de amores e de amigos incríveis. Reinvente seus dias ruins experimentando um elogio, um agradecimento, um mantra, uma música ou até o silêncio. Somos feitos de escolhas.
Escolha, então, o que te torna mais leve, sem que, com isso, seja preciso abandonar seu lado voraz – seus desejos de intensidades, de emoção. Pense no que realmente importa para que consiga reaver o bom humor e a paz, que, muitas vezes, costumam faltar. Momentos especiais não devem ficar tão restritos, perdidos numa vida banal. Então, vou repetir a pergunta da Ruth e também fazer a minha: quando foi a última vez que fez algo pela primeira vez? Quando foi a última vez que fez algo que resgatou antigos prazeres? A vida está aí e, enquanto estiver, que valha a pena.
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