No governo de Minas desde o início de 2015, o PT tem feito muito do que criticava nos governos tucanos. A recíproca também é verdadeira. Na oposição desde 2015, o PSDB tem criticado muito do que fazia em seus governos, que comandaram Minas de 2003 a 2014.
Para quem não se lembra, basta uma pesquisa rápida para descobrir que, em 2014, três meses antes da eleição, um dos principais deputados petistas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Rogério Correia, disparava contra as privatizações do PSDB. Citava o risco de Copasa, Cemig e Gasmig caírem nas mãos da iniciativa privada. Foi em um encontro dos servidores desta última, que estavam preocupados com uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pretendia facilitar a venda de empresas públicas que não fossem da administração direta. Dizia Rogério Correia em texto que até hoje está no site do parlamentar: “A manobra, que conta com o apoio de toda a base parlamentar do PSDB, possui endereço certo imediato – a Gasmig –, mas se estende para a venda de subsidiárias da Cemig e da Copasa. Um aceno do senador Aécio Neves para o capital financeiro de retorno à era das privatizações”.
Curiosamente, residia na Codemig, agora prestes a ser vendida – ao menos em parte – pelo governo petista o motivo para apontar como desnecessária a venda da Gasmig. “Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), a Codemig tem receitas anuais de R$ 750 milhões provenientes da exploração do nióbio de Araxá. Dois anos de receita da Empresa, o tempo que deve levar a construção do gasoduto, seriam suficientes para bancar a maior parte do custo da Gasmig”. Rogério Correia concluía que “a opção privatização é convicção ideológica do PSDB”.
O próprio Rogério Correia, no ano anterior, havia sido o autor de um pedido para debater a prorrogação, sem licitação pela Codemig, por mais 30 anos, do contrato de arrendamento com a CBMM para o que chamou de “a mais valiosa lavra mineral do país e a mais estratégica do planeta”. Referia-se, claro, ao nióbio.
Mas não foi só o deputado Rogério Correia que disparou contra as privatizações feitas pelos governos tucanos. O próprio atual governador, em campanha, assinou uma carta de compromisso, aprovada na 13ª Plenária Estatutária da CUT-MG, que incluía, entre os 13 itens gerais, três menções de rejeição ao modelo de entrega de estatais à iniciativa privada.
De outro lado, os governos tucanos, que antes sofriam com as críticas à concessão da exploração de nióbio nos tempos em que controlavam o Estado, hoje tomam posição também diversa, em reação à política adotada por Fernando Pimentel (PT). “Minas tem a maior reserva de nióbio no mundo, em Araxá, responsável por 75% da produção mundial: 70 mil toneladas da liga de ferro-nióbio por ano. O nióbio de Araxá tem reserva para mais de 400 anos. Se essa proposta for adiante, nós vamos perder o controle dessa grande jazida”, disse nesta semana nas redes sociais o ex-governador e hoje senador Antonio Anastasia. “Parece-me que esse não é o momento de vendermos esse patrimônio, já que ele é altamente vantajoso e positivo para o Estado, tendo em vista, inclusive, o futuro. Hoje, o nióbio é muito valioso. E no futuro pode ser mais valioso ainda. Vale a pena abrirmos mão dessa riqueza?”
Mais uma vez, é preciso relembrar o ditado: nada como um dia após o outro.
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