A birrinha do América em relação ao aumento da capacidade de público no Independência mostra o quanto a mentalidade da imensa maioria dos dirigentes brasileiros é tacanha, em especial a da diretoria do Coelho, que, por pensar que o clube ainda é grande como foi no passado, toma decisões equivocadas, que quase sempre fazem a agremiação ficar cada vez menor, lhe restando apenas a mais do que respeitável história e a gigantesca tradição no futebol mineiro, mas é só.
O que o América perderá com mais gente indo ao estádio nos jogos do Atlético? Nada! Pelo contrário, ganhará, pois o clube tem uma porcentagem da bilheteria em partidas na arena que não sejam suas.
Em nome de uma pretensa autonomia, da propriedade do estádio que caiu no colo do Coelho e ainda foi reformado sem um tostão do clube, os dirigentes alviverdes bradam que não permitirão a montagem da arquibancada móvel que está quase pronta. É surreal! É triste!
O América deveria dar graças a Deus por ser o único dos três times profissionais de Belo Horizonte a ter um estádio, deveria estar preocupado em montar uma equipe para conseguir voltar à Série A do Brasileiro, quanto muito se manter na B; deveria, mais do que tudo, fazer das tripas coração para que sua torcida se renove, não acabe e, principalmente, vá ao campo.
Sabe aquela família tradicional, que já teve muito dinheiro, muita influência, frequentava a alta sociedade, mas, ao longo do tempo foi perdendo tudo justamente por achar que teria tudo para sempre e não trabalhou para manter o que tinha, mas continua morando na casa imensa caindo aos pedaços, sem grana para nada, sem ser convidada para nada, porém não perde a pose? É o que acontece com o América, que não cai na real, infelizmente.
Já escrevi sobre isso e volto a dizer. Esse modelo de administração do clube, em que trocentas pessoas são presidentes, e ninguém sabe quem manda nem quem deve ser cobrado pelos erros e enaltecido pelos poucos acertos, tem contribuído, e muito, para essas trapalhadas.
Vários clubes pelo Brasil e pelo mundo vêm mostrando que, com gestão profissional, sem arroubos, sem dirigente querendo aparecer o tempo todo, é possível subir de patamar, devagarzinho, solidamente e com humildade. Cito dois casos: a Chapecoense e o Leicester, da Inglaterra.
O que tem acontecido fora de campo tem refletido dentro. No ano passado, após ganhar o Mineiro depois de 15 anos, o discurso antes do Brasileirão era o de ser campeão, e, no mínimo, estar na Libertadores. Deu no que deu. Demitiu o maior técnico da história do clube, que tinha sido campeão estadual, na quinta rodada da Série A, e voltou para a Segundona após contratar vários jogadores ruins em vez de uns dois ou três razoáveis, denotando absoluta falta de planejamento.
Neste ano, depois de um começo titubeante no Mineiro, conseguiu se classificar para as semifinais, não mais do que obrigação pela estrutura que o clube tem em relação aos concorrentes do interior.
Na Primeira Liga, disputada quase toda por times reservas, jogou três vezes. Perdeu duas, empatou uma e não fez gol. Uma campanha que deveria ligar o sinal amarelo no América.
Mas uma coisa precisa ser dita: a diretoria acertou em manter o técnico Enderson Moreira de 2016 para 2017, pois é um cara jovem, esclarecido, estudioso e conhece muito bem o futebol mineiro. Só falta ser demitido na quinta rodada da Série B!
Relembrando. Quando o Atlético anunciou parceria com a BWA para mandar seus jogos no Independência, o América também gritou, disse que não era possível juridicamente pelo fato de ser o dono do estádio, fez um escarcéu. O que aconteceu? O Galo continua jogando no Horto e fez dele sua casa na maior conquista da história do clube, que sempre terá o Independência ligado à Libertadores de 2013.
Legal. Ontem, o América obteve uma vitória momentânea na Justiça em relação ao uso da arquibancada móvel no Independência, mostrando que pode até ter razão jurídica no caso. Não discuto nesta coluna o fato de o Coelho estar coberto juridicamente em suas alegações. Discuto que é uma briga ruim para Coelho e Galo, principalmente para o América, que deveria preocupar-se com coisas menos provincianas.